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Gestão Estratégica e Comunicação Social

O RETRATO DA MANIPULAÇÃO


Quando um veículo de comunicação decide publicar uma matéria leva em conta dois fatores principais: o poder e o lucro. O que ele vai ganhar em influência na conjuntura e em dinheiro na conta. A informação, como bem público, há muito deixou de ser o centro da ação midiática. Hoje, os grandes grupos de comunicação têm interesses corporativos que se expressam em diferentes ramos da economia e, principalmente, no campo político. Por isso, não cabe mais ter qualquer escrúpulo ou constrangimento em questionar, pública ou judicialmente, o procedimento da chamada grande imprensa.

E não se trata de colocar em risco a liberdade de expressão. Pelo contrário, é para garantir a liberdade de expressão universal e não só a dos donos da informação, que têm à sua disposição todos os canais para explicitá-la. Também não é uma ameaça à liberdade de imprensa, é sim um questionamento à liberdade de empresa, onde o dono do veículo faz o que bem quer e transforma seus jornalistas em escribas de aluguel, como dizia Leonel Brizola ao defender seu governo no Rio de Janeiro do cerco promovido pelo monopólio da comunicação.

Sempre que se entra em contato com uma notícia, é indispensável que se reflita sobre ela. A leitura crítica é tão importante quanto à liberdade de expressão. Então, é preciso responder a algumas perguntas antes de tirar conclusões sobre o que se leu, ouviu ou viu. Quem ganha e quem perde com aquela informação? Há mais de uma versão no corpo da matéria, o famoso contraditório jurídico ou o “ouvir os dois lados” do bom jornalismo? Qual o peso de cada versão? Qual a síntese do veículo? A manchete reflete o teor da matéria? A colocação na página e o espaço dedicado são compatíveis com a importância do tema? As fotos estão em sintonia com o texto? E as legendas, são informativas ou opinativas?

O comportamento da revista Época e o de parte da mídia pernambucana no caso Finatec são um belo exemplo. O interesse político é claro: atingir o PT, envolver o partido em mais um caso de corrupção, atrapalhar o governo Lula e impedir que ele faça seu sucessor. O horizonte é 2010, mas a ação começa agora, com a estratégia de reduzir o número de prefeitos que o PT poderia eleger em outubro. Atacar a política e os políticos, assim como o governo Lula, virou moda. Vende jornal, dá audiência em rádio e tv, aumenta o número de anunciantes em busca de visibilidade para seus produtos e idéias e, por conseqüência lógica, o lucro das empresas de comunicação. A versão local segue a mesma cartilha, trocando Lula por João Paulo, articulando 2008 com os olhos em 2010.

Por quê a revista Época decidiu encampar esta denúncia de relação delituosa entre uma fundação e prefeituras petistas, depois que outra revista de circulação nacional, muito mais empenhada na luta anti-PT desistiu??? Porque precisava marcar posição na disputa pelo mercado. Porque tem gente dizendo que uma das principais emissoras de TV está mansinha demais com o governo Lula. Porque o Governo Lula tem democratizado a verba de publicidade com todas as emissoras. Como a denúncia era mesmo inconsistente, a concorrente tinha razão, a Época recorreu ao velho recurso da manipulação. Diz o que quer, usando fontes identificadas ou no anonimato; não dá espaço para o contraditório; insiste no tema, buscando repercuti-lo e cobrando providências de outras esferas na busca de resultados concretos decorrentes de sua ação. Não é por acaso que a nota da Prefeitura do Recife, com todos os esclarecimentos solicitados, não foi incorporada ao texto principal, nem mesmo como retranca, indo parar nas cartas enviadas à revista. Não é por acaso que a foto escolhida do prefeito, mesmo sendo de arquivo, demonstra preocupação. É o retrato da manipulação.

Na mesma época em que esteve no Recife, a Finatec trabalhou para a Prefeitura de João Pessoa, contratada nos mesmos moldes. E o prefeito era do PSDB. Uma vereadora do Recife quer uma CPI para investigar a Prefeitura. Mas o prefeito de São Paulo, do DEM, assim como ela, mesmo jurando que não sabia de nada e cancelando o contrato depois da denúncia, trabalhava, até ontem, com a Finatec, nos mesmos moldes que Recife.

E o PPS que divulga nota anunciando que vai pedir a suspensão do contrato com a Finatec (contrato que não pode ser suspenso por que terminou em novembro de 2005) e a devolução do dinheiro pago? É o mesmo PPS que em Porto Alegre contratou a Finatec, em 2005, para trabalhar na Empresa Municipal de Processamento de Dados durante seis meses, pagando mais de R$ 700 mil e que, segundo o Ministério Público, resultou no repasse de R$ 300 mil para a Intercorp. Mesmo esquema que a Época acusa as prefeituras petistas de fazerem. Porque estes casos não estão na pauta da mídia? É ou não é o retrato da manipulação?


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