Dezenas de alunos da Escola Municipal de Artes João Pernambuco, que fica na avenida Barão da Muribeca, 116, Várzea, assistiram à apresentação da recém-formada banda Cuíca da Zica, na tarde desta quarta-feira (7). O espetáculo “Café com Cartola” está inserido na homenagem que a Prefeitura do Recife presta ao mestre Cartola, o carioca sambista Angenor de Oliveira, um dos fundadores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro.
“A proposta do Café com Cartola é de resgatar o bom gosto musical e o refinamento da obra deste exímio representante da música popular brasileira.” Esse é o conceito da intérprete e vocalista da Cuíca da Zica Rakelly Nogueira, que é professora de violino da Escola João Pernambuco. “Assim surgiu a nossa idéia”, concluiu o também vocalista e intérprete Julius Suarez, que também é professor daquela instituição de ensino.
No repertório, grandes e nostálgicos sucessos acompanhados por violão, cavaquinho, flauta, trombone, percussão e voz: “As Rosas não Falam”, “O Mundo é um Moinho”, “Ensaboa Mulata”, “O Sol Nascerá”, entre outras. “Adoro Cartola. É muito bom poder conferir um show dessa natureza, com essa qualidade”, atestou a estudante de teatro e música da escola, Conceição Bezerra, 65 anos. “Apesar de não conhecer o trabalho de Cartola, estou gostando muito da apresentação”, disse o estudante Erlindo Souza, 50 anos.
O grupo Cuíca da Zica é formado por André 7 Cordas e Leo Melo, no violão; Emanuel Albino, no cavaquinho; Moisés, na flauta; Kleyber Borges, trombone; Julius Suarez e Rakelly Nogueira nos vocais, e Alexandre Passos, Lucas Freitas e André Madruga, todos na percussão.
Cartola - Angenor de Oliveira, o Cartola, nasceu no dia 11 de outubro de 1908, no Rio de Janeiro - mais precisamente no bairro do Catete. Por erro de um escrivão, seu prenome foi grafado Angenor. Era o quarto filho - de um total de sete - do casal Sebastião Joaquim de Oliveira e Aída Gomes de Oliveira. Aos 8 anos de idade, já desfilava em blocos carnavalescos de rua. Aos 11, por problemas financeiros, foi morar com a família no morro de Mangueira.
Começou a trabalhar muito cedo. Foi tipógrafo e pedreiro. Aliás, foi na época em que trabalhava em obras que surgiu seu apelido – por causa do chapéu coco que usava durante o serviço para evitar que seu cabelo ficasse sujo de cimento.
Dona Aída morreu prematuramente. Seu Sebastião era muito severo e chegou a expulsar Cartola de casa aos 17 anos de idade. Sozinho, o jovem Angenor envolveu-se com várias mulheres, adoeceu e deixou de trabalhar. Recuperado, juntou-se a mais seis amigos para criar a primeira escola de samba do subúrbio carioca – a Estação Primeira de Mangueira.
Em 28 de abril de 1928, reunidos na casa do Euclides da Joana Velha, na favela da Mangueira, sete homens fundaram a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira: seu Euclides, Saturnino Gonçalves (o Satur), Marcelino José Claudino (o Massu), Pedro Caim (o Pedro Paquetá), Abelardo da Bolinha, Cartola e Zé Espinguela. Cartola tornou-se diretor de harmonia da Escola. Passou a se dedicar à composição e aos poucos foi construindo um enorme repertório.