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Controle e Desenvolvimento Urbano e Obras

O PARQUE DE DONA LINDU E A CULTURA DE SER PEQUENO
00:00 Quarta-feira, 7 de Maio de 2008

Por Edmir Régis
Jornalista


Nanja, como dizia o saudoso jornalista Aníbal Fernandes, que eu concorde com todas as obras do atual burgo mestre recifense. Não. Mas com relação ao chamado Parque de D. Lindu (e aqui vai uma discordância com relação ao nome do empreendimento) o senhor João Paulo tem razão. Sobralíssimas razões. Quem pode ser contra a iniciativa de dotar o Recife de mais um parque, uma pequena área verde, um espaço democrático como já o são o Parque da Jaqueira, o Treze de Maio e o Horto de Dois Irmãos? Sem querer dar lição de geografia ou de história, lembro o seguinte: o Hyde Park, bem no centro de Londres, tem 2,5 km2. O Central Park de Nova York 340 hectares. O Zoológico de Paris mede 14,5 hectares; o de Berlim, também no centro da cidade, dispõe de 35 ha. e mantém 15 mil animais; o Jardim Botânico do Rio tem 137 ha. e o Ipirapuera mede 1.6 milhões m2. Somem as áreas dos parques e jardins do Recife e vejam quantos metros de espaço verde nós temos. Espaços públicos, diga-se logo.

A área disponível para Dona Lindu mede 27 mil metros quadrados, quase três hectares. Dos limites de Jaboatão até a praia do Pina, portando toda orla sul do Recife, não resta nenhuma nesga de área verde. Todo o solo já foi ocupado pelos grandes edifícios. Excluíndo a praia propriamente dita, apenas no segundo jardim, talvez por descuido, deixaram um pequeno refúgio. E só.

Quem observar a área do futuro empreendimento verá que o projeto arquitetônico e paisagístico ocupará uma pequena ilha verde literalmente já cercada de luxuosos edifícios. Obstaculizada a construção do parque, logo será ocupada por espigões, ou atualíssimas torres, novo modismo imobiliário. Quando isso acontecer, estará concluído o imenso muro de concreto armado que constitui a praia de Boa Viagem. Muro que rouba a ventilação das ruas e das avenidas posteriores. Nas orla, não existe, como já disse, nenhuma área verde. Nenhum teatro. Nenhum bar para um "happy hour". Nenhum espaço cultural. Um único metro quadrado para o lazer das crianças, corridas de skate. Nenhum metro de grama.

Mas, se todos os argumentos apresentados pelos opositores da construção do Parque fossem procedentes, uma pergunta inquieta a muitos: será que o grande Oscar Niemeyer, um dos maiores arquitetos da atualidade, artista cuja genialidade é reconhecida mundialmente, aos cem gloriosos anos de idade, projetaria uma obra que violentasse a beleza natural do Recife?

Sabe-se que apenas 40% da área serão ocupadas com ciclovias, pistas de cooper e skate, quadra poli-esportiva, teatro, pavilhão para exposições, restaurantes, gramados, etc. O senhor prefeito, em atenção a algumas reivindicações de moradores, já modificou o projeto, aumentou a área verde, fez reajustes que não macularam o projeto original. Modificações feitas pelo próprio escritório de Niemeyer.

Toda esta história que vem caindo nas barras da justiça, sempre se alimentando de liminares, (agora estamos diante de mais uma), só nos faz lembrar do projeto da Pampulha que recebeu críticas as mais acirradas, mas hoje lá está em Belo Horizonte representando um dos símbolos da moderna arquitetura brasileira. Será que devemos lutar pela cultura de ser pequeno? O projeto é bonito e o Recife merece uma obra de Niemeyer, não só pela beleza que encerra, mas pelos benefícios que trará à cidade.


*Publicado no Diario de Pernambuco, na seção Opinião, em 7 de maio de 2008
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