Uma grande sensibilização contra a hanseníase tomou conta do Coqueiral, zona Sudoeste da cidade, na manhã desta terça-feira (16). Batizado como ‘Dia do Espelho’, o evento organizado pela Prefeitura do Recife visou alertar os moradores da área sobre a importância do uso do instrumento para a realização do auto-exame. A mobilização foi comandada pela secretária municipal de Saúde, Tereza Campos, e teve a presença maciça da comunidade, de representantes da gestão municipal, da Secretaria Estadual de Saúde e do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), além do cantor Belchior, que participou da ação a convite da ONG.
 
“Hanseníase é um problema de saúde pública, que ainda acarreta muitos estigmas, apesar de curável. É dever dos gestores garantir a assistência integral aos portadores da doença, desde o diagnóstico até o tratamento gratuito, eficiente e de qualidade. Nos últimos oito anos, temos trabalhado de maneira a reduzir o preconceito contra a moléstia, buscando a identificação precoce do problema, qualificando  os profissionais da rede municipal e garantindo o acesso da população ao serviço”, afirmou Tereza Campos.
 
A partir de agora, as 11 agentes de saúde comunitária que atuam no PSF Coqueiral manusearão os espelhos nas visitas domiciliares de rotina. A idéia é que, em casa, o morador faça a análise do próprio corpo, facilitando a visibilidade de áreas mais difíceis, como costas e nádegas. Quanto mais rápida a detecção, maiores serão as chances de o portador da doença evitar seqüelas. Por ano, o Recife registra cerca de 900 novos casos de hanseníase. A doença ataca normalmente a pele, os olhos e os nervos. Embora não mate, pode levar a deformidades nas mãos e nos pés, além de causar cegueira.
 
“É uma alegria imensa participar ativamente de um momento como o de hoje, em que existe a vitória de todos sobre o preconceito. Como artista, fico orgulhoso de expandir os espaços de liberdade do ser humano e me sinto altamente recompensado por poder contribuir de alguma maneira na luta contra a hanseníase”, comentou o artista cearense Belchior.
 
SAIBA MAIS
O que é?
Doença infecto-contagiosa causada pelo Bacilo de Hansen (Mycobaterium leprae), que penetra no organismo através das vias respiratórias, atacando a pele, os olhos e os nervos. Pode causar manchas na pele e perda de sensibilidade, principalmente, nos olhos, mãos e pés, atingindo a pessoas de todas as idades, inclusive crianças, de ambos os sexos. A moléstia não é hereditária nem mata. Entretanto, se não for tratada, pode levar a deformidades nas mãos e nos pés, além de causar cegueira.
Como se dá a transmissão?
Pelas vias aéreas: uma pessoa infectada libera o bacilo no ar, criando a possibilidade de contágio. No entanto, a infecção dificilmente ocorre depois de um simples contato social. Ele deve ser íntimo e freqüente.

Quais os principais sintomas?
Manchas na pele esbranquiçadas ou avermelhadas com diminuição da sensibilidade. Dormentes, essas manchas não doem, não coçam e não incomodam. Por isso, muitas vezes passam despercebidas se localizadas em partes do corpo não freqüentemente observadas, como costas e nádegas;
Diminuição da sensibilidade ou formigamento de extremidades de mãos, pés e olhos, possibilitando ferimentos, queimaduras ou ulcerações sem dor e podendo levar a complicações, como infecções locais, sem que as pessoas sintam dor;
Diminuição ou perda de força muscular em mãos, pés e pálpebras, levando à queda de objetos ou um andar arrastado ou o ressecamento dos olhos por não conseguir fechar as pálpebras direito.

Onde encontrar tratamento?
Na rede municipal do Recife, o tratamento é gratuito e encontra-se disponível nos PSFs e nas policlínicas que são referência para a doença. Entre elas, estão Waldemar de Oliveira (Santo Amaro), Gouveia de Barros (Boa Vista), Amaury Coutinho (Campina do Barreto), Lessa de Andrade (Madalena), Pina (Pina), Arnaldo Marques (Ibura) e Agamenon Magalhães (Afogados). O Centro de Saúde Clementino Fraga (Vasco da Gama) também é referência em hanseníase.

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