A Prefeitura do Recife vai apresentar a Política de Atenção à Saúde da População Negra ao corpo médico do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, situado na rua Visconde Mamanguape, s/n, na Encruzilhada, nesta quinta-feira (18), entre 7h30 e 8h30. Um dos destaques do encontro será a doença falciforme. O objetivo é discutir com profissionais, residentes e acadêmicos de medicina a importância de a população conhecer melhor a doença, de forma a disponibilizar um tratamento diferenciado aos portadores. A reunião também colocará em pauta a questão do racismo na sociedade, já que a anemia falciforme apresenta maior ocorrência entre afrodescendentes.
 
“A discussão é de extrema importância, porque a doença ainda é desconhecida para boa parte da população. Nossa intenção é fazer com que médicos, enfermeiros e futuros profissionais de saúde percebam seu dever como educadores. Além disso, anemia falciforme apresenta maior prevalência entre as pessoas de cor negra, que compõem a maior parte dos moradores da capital pernambucana”, ressalta a gerente de Atenção à Saúde da População Negra do Recife, Miranete Arruda.
 
De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2000, 54% da população do Recife é formada por pessoas negras e pardas. Em Pernambuco, o índice é 57% e, em âmbito nacional, o número cai para 45%. Os dados alertam para a importância da atenção dispensada às enfermidades mais freqüentes entre a raça negra, como a anemia falciforme.
 
Hereditária e genética, a doença é causada por anormalidade na hemoglobina dos glóbulos vermelhos do sangue, responsáveis pelo transporte de oxigênio para os tecidos. As hemácias têm o seu formato modificado, assemelhando-se a uma ‘foice’, e nem sempre conseguem passar através de pequenos vasos, bloqueando-os e impedindo a circulação sanguínea nas áreas ao redor.
 
Na reunião, pela Secretaria Municipal de Saúde, estarão presentes Miranete Arruda; a representante do Laboratório Municipal de Saúde Pública, Isabel Almeida; a gerente de Informações de Natalidade e Mortalidade, Sony Santos; a gerente de Assistência Ambulatorial e Hospitalar, Melania Ventura; e a gerente de Atenção à Saúde da Mulher, Benita Spinelli. O evento também conta com a participação da Associação Pernambucana de Portadores de Anemias Hereditárias, uma das parceiras da gestão municipal nas ações ligadas à saúde da população negra.
 
Políticas - O Programa de Anemia Falciforme foi instituído no início da atual gestão, em 2001, e desde então, com a implantação do Programa de Atenção à Saúde da População Negra, em 2006, vem trabalhando com o intuito de diagnosticar precocemente e acompanhar os casos que chegam à rede de saúde municipal. A Prefeitura do Recife oferece, nas três maternidades do município, o teste do pezinho, que identifica precocemente a doença. Por sua vez, o Laboratório Municipal realiza o exame de eletroforese da hemoglobina, capaz de identificar a hemácia falciforme.
 
Além dessas ações, a Saúde do Recife oferece assistência especializada nos laboratórios de hematologia das policlínicas Albert Sabin, Lessa de Andrade e Agamenon Magalhães. A assistência se traduz em aconselhamento genético para pessoas que têm comprometimento parcial de hemoglobina, mas não desenvolve a doença. “Ele serve para orientar os portadores de traço falciforme sobre o futuro reprodutivo, já que os filhos podem nascer com a doença caso pai e mãe apresentem o gene falciforme”, explica Miranete.
 
Números – Durante os seis anos do Programa de Anemia Falciforme, os ambulatórios especializados cadastraram 1.280 pessoas, sendo 43% crianças, 42% população geral e 15% gestante. Até 2007, foram realizados 65.000 testes do pezinho e 11.500 exames de eletroforese da hemoglobina.

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