No começo da noite eram as crianças e os idosos em maior quantidade no Pólo de Brasília Teimosa, nesta quarta-feira (24), véspera de Natal. Promovidas pela Prefeitura do Recife, as apresentações da Cia de dança Luardart, da Cia Átrios de Arte e do Balé Deveras, chamaram a atenção. Quando entraram no palco Daniel Ribeiro, Banda Pra Valer, Cem Por Cento Que Bolado, Samba Pros Amigos e Swing do Amor, foi a vez dos jovens e adultos fazerem a festa.

A primeira foi a cia Luardart. A necessidade de se apresentar ao longo do ano, e não apenas no São João, foi a causa para o surgimento do grupo, concretizado no dia 20 de agosto de 1998. O significado do nome, “linguagem única de arte renova dança e teatro”, é bem de acordo com o objetivo da cia de Monte Verde, Ibura, que hoje atua também nos ciclos natalino, carnavalesco e afro, quando é comemorada a consciência negra, no dia 20 de novembro. Na apresentação desse dia 24, foi dançado pelos 23 bailarinos das mais variadas idades, o Auto de Natal Alegria, Alegria, nasceu o menino Jesus. “Começamos com a música Romaninha, do Auto natalino do Balé Popular do Recife, depois o Boi Maranhão, o Pastoril, o Guerreiro, a Cavalhada e o Cavalo Marinho. Em seguida apresentaram-se dois corais, o primeiro cantando Pai Nosso e o segundo Noite Feliz”, relatou o diretor da cia, Erick Pinto.

Mas foi mesmo o final que deixou a platéia mais eufórica. Papai Noel entrou no palco e distribuiu bolas para a meninada. “Que todos recebam 2009 com amor, companheirismo e a verdadeira amizade,, pois esses sentimentos têm faltado na vida de muita gente”, desejou Josimar Silva, ou melhor, o Bom Velhinho.

Com a família completa, entre ela oito crianças, a dona de casa Valéria Maria estava encantada. “Essa ação da prefeitura é muito boa porque eles investem na cultura pernambucana, e isso acaba estimulando a população, especialmente a criançada”, opinou. E dona Valéria parece estar certa, pelo menos de acordo com Ricardo da Cruz, de dez anos: “Essa é a segunda vez que venho e acho muito bom porque acabo aprendendo muita coisa com essas apresentações”.

Mais do que um espetáculo, a cia Átrios de Arte deu uma verdadeira lição de vida e luta. “Nós sempre mobilizamos todo o nosso copo para conseguir verbas. Os meninos sempre vendem picolé na praia, e as meninas brigadeiros e doces nas escolas”, disse orgulhoso o diretor, coreógrafo e cantor do grupo, Arnaldo Bassos. Formado há nove anos, na Igreja Batista Central de Brasília Teimosa, o seis bailarinos e atores e os 11 músicos entre instrumentadores e cantores, exploram o contemporâneo e o popular, o local e o internacional, com frevo e maracatu encerrando com salsa e flamenco. O resultado de tanto trabalho e união, transformou-se em 1 CD gravado, um DVD gravado no teatro Barreto Junior e outro no da UFPE, mas ainda em fase de edição.

Antes de começar a dança, a reflexão do significado do Natal. “Devemos levar em consideração que o ser humano é movido por atos capazes de torná-los dignos. É preciso refletir e levar esse sentimento de amor, paz e união para os outros dias do ano”, questionou Bassos. Emocionado, ele reconheceu e agradeceu o apoio da prefeitura do Recife e da Fundação de Cultura no crescimento do trabalho. “Essas apresentações têm aberto várias portas, a cada ano estamos ampliando e a expectativa é que em 2009 vamos nos apresentar em Miami, nos Estados Unidos”, comemorou.

Já a dançarina Gisele Augusto, que participa pela segunda vez de uma apresentação num pólo de Natal, a importância está na possibilidade dada a eles, que são evangélicos. “Ainda sofremos muito preconceito da sociedade, então, essa é uma forma de mostrarmos que fazemos um trabalho de qualidade”, opinou.

Encantado, o público se emocionou com o que viu. “Sempre venho olhar esses eventos. Só se apresenta aqui grupo de qualidade, que trabalha a cultura com garra, com amor, então, o resultado só pode ser esse, tudo muito lindo”, disse dona Neuza Maria dos Santos, de 68 anos, que não tirava os olhos do palco enquanto conversava. Com bem menos idade, e de geração bastante diferente, Bianca Maria de Matos, de oito anos, tem a mesma opinião de dona Neuza: “Sempre venho pra cá, gosto muito das apresentações, são muito bonitas”.
 

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