Duas tradicionais manifestações do carnaval pernambucano foram destaque no Encontro de Bois de Carnaval e Ursos, realizado na tarde desta segunda-feira (23), a partir das 15h, no Pólo de Todos os Ritmos, localizado no Pátio de São Pedro.

Ao todo, 24 agremiações recifenses e de outros municípios pernambucanos participaram do desfile, sendo 11 Ursos e 13 Bois de Carnaval. O irreverente Urso da Tua Mãe, do bairro do Coque, foi o primeiro a se apresentar. Segundo o diretor da agremiação fundada em 1989, Valdir Trajano da Silva, o trabalho realizado pelo urso na comunidade ajuda na inclusão social da juventude. “Carnaval é uma conquista. Uma oportunidade para os jovens se afastarem da criminalidade através da cultura. Estou muito feliz de estarmos participando dessa festa”, disse.

O desfile também contou com a presença de agremiações de cidades do interior, como o Boi Pavão de Limoeiro, fundado em 1975. Um detalhe curioso é que esse boi foi fundado como uma brincadeira num cabaré e foi batizado com o apelido local das prostitutas, que eram chamadas no linguajar popular de “pavão”. Para o presidente do Boi Pavão de Limoeiro, Severino Paulino, participar do carnaval do Recife é um incentivo para a agremiação. “A Prefeitura do Recife dá um grande apoio financeiro e cultural para as agremiações abrangendo todas as manifestações de Pernambuco”, afirmou.

Agremiações participantes

Bois - Boi Teimoso, Boi da Cara Preta, Boi Manhoso, Boi Faceiro, Boi Estrela, Boi Malabá, Boi da Cara Branca de Prazeres, Boi Camará, Boi de Tanga, Boi da Cara Branca de Limoeiro, Boi Pavão de Limoeiro, Boi Dourado de Limoeiro, Boi da Macuca.

Ursos – Urso Zé da Pinga, Urso Branco do Zé, Urso Velho de Angola, Urso Preto da Pitangueira, Urso Cangaçá, Urso Teimoso da Torre, Urso Texaco, Urso do Vizinho, Urso Mimoso do Coque, Urso Alegre de Areias e Urso da Tua Mãe.

História

Urso - A presença do Urso no Carnaval pernambucano é herança européia. Inúmeros registros na literatura, nas canções, na mitologia, nas representações teatrais e até nos rituais religiosos o traduzem. No Brasil, a ocorrência do Urso tem início no século XIX com os imigrantes italianos. Entre eles, a comunidade cigana ligada à arte circense que, entre outros espetáculos, apresenta “ursos amestrados”. De acordo com Benjamim (2003), a apresentação do Urso no Carnaval do Recife é registrado pela primeira vez numa crônica publicada em 1948. Inicialmente, a brincadeira caracterizava-se apenas pela presença de um urso e do domador. Hoje, os Ursos que participam do Concurso de Agremiações Carnavalescas promovido pela Prefeitura do Recife contam com outros elementos como o porta-cartaz, faixa ou abre alas, alas e cordões e orquestra.

Bois – No Brasil, sua presença no cotidiano está ligada à pecuária e à força motriz desempenhada pelo boi nas várias regiões do Nordeste, especificamente nos engenhos de açúcar. Assim, surgem as representações simbólicas do boi aglutinando as influências ibérica, africana e indígena. Do norte ao sul do país, essa manifestação está presente, com diversos nomes: no Amazonas e no Maranhão é o Boi-Bumbá; Boi-de-Reis na Paraíba; Boi Surubi no Ceará; Boi Calemba no Rio Grande do Norte; Rancho de Boi na Bahia; Bumba-de-Reis no Espírito Santo; Boi Pintadinho no Rio de Janeiro; Boi de Mamão em Santa Catarina; e Boizinho no Rio Grande do Sul. No Recife, a brincadeira aparece como uma derivação do auto de natal do Bumba-meu-boi, que representa a morte e ressurreição do boi. O primeiro registro de uma agremiação do gênero foi o Boi Misterioso de Afogados, liderado pelo Capitão Antônio Pereira, em 1940.

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