Durante oito meses, cerca de 50 usuários das casas de acolhida do Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc) do Recife produziram peças de artesanato com materiais reciclados. Toda a produção - cestas de vime, artigos de decoração, pinturas em tela, entre outros objetos - ficaram expostos na tarde desta quinta-feira (10), na área externa do Juizado da Infância e da Juventude, na Boa Vista. A secretária de Assistência Social, Karla Menezes, e a presidente do Iasc, Tereza Jacinta, estiveram no local para prestigiar a exposição intitulada ‘Arte da Esperança’.

As técnicas de produção foram aprendidas durante as oficinas ministradas por arte-educadores nas instituições. As aulas fazem parte da rotina dos equipamentos do Iasc. Pelo menos uma vez por semana, os usuários das casas de acolhidas participam de atividades ligadas à arte. “Eles produziam e as peças ficavam com eles. Foi quando pensamos que é importante mostrar o que é feito dentro das casas para a população. É um jeito de valorizar o trabalho dos usuários”, conta a diretora interina de Alta Complexidade do Iasc, Carolinne Bonifácio. Esta foi a primeira exposição ‘Arte da Esperança’, que a partir do próximo ano será itinerante e acontecerá em vários pontos da Cidade. “Já começamos a fazer articulações com espaços públicos e privados. Será uma mostra constante”, afirma Carolinne.

“Queremos divulgar a criatividade e a arte dos nossos usuários. É o momento em que eles conseguem expressar o sentimento e transformando peças em pequenas obras de arte”, disse Tereza Jacinta. A secretária Karla Menezes ficou encantada com os artigos expostos. “São produtos com qualidade. E têm valor de mercado. Podem ser utilizados como a porta de reinserção dessas crianças, jovens, adultos e idosos acolhidos nas casas do Iasc”.

Vime, pedaços de jornal, partes do coqueiro, bagaço de cana, folhas de papel usado, materiais que normalmente iriam para o lixo, são transformados em objetos de decoração. Uma atividade simples, mas que significa muito para esses artesãos iniciantes. “Eles percebem que são capazes, que podem fazer as coisas bem feitas e bonitas. Isso mexe com a auto-estima, eles começam a sonhar e a planejar uma vida diferente da que estavam levando”, conta o arte-educador João Carlos Brandão.

E foi isso o que aconteceu com o antigo morador de rua, Antônio Carlos, de 53 anos. Antônio sempre pintou, mas problemas com o uso do álcool o fizeram parar nas ruas. “Agora, estou redescobrindo o prazer de pintar meus quadros”, conta. E a partir daí, começaram a surgir novos planos. “Quero montar um ateliê. Vou fazer faixas e pintar quadros para vender. Vou me sustentar e ficar longe da rua”, sonha o usuário.

 

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