Dois dos mais tradicionais nomes do legítimo forró pé-de-serra pernambucano trocaram de ritmo, mostrando, na noite desta segunda-feira (15), no polo de Brasília Teimosa, que o frevo pernambucano está no sangue, e que não há fronteiras musicais quando se trata do Carnaval Multicultural do Recife 2010. Após apresentações primorosas da Orquestra de Edson Rodrigues e Escola de Frevo do Recife, Cristina Amaral mostrou um show de primeira qualidade, com direito a sucessos tradicionais de Alceu Valença e J.Michiles e uma homenagem especial ao rei do mangue beat, Chico Science. Logo depois, foi vez da banda “Chá de zabumba” mostrar toda sua competência cênica na apresentação de um repertório recheado de frevos, maracatus e caboclinhos.

“Sinto-me à vontade quando o tema é Carnaval, pois sempre cantei frevos na minha carreira, embora tenha ficado mais conhecida como cantora de forró”, ressaltou Cristina. A confirmação de suas palavras veio do público que “ferveu” ao som de composições como “Voltei Recife”, de Luiz Bandeira, e “Frevo Mulher”, de Zé Ramalho. “Achei o show muito bom, pois ela mostrou que pode cantar qualquer ritmo, pois tem uma belíssima voz”, observou a pedagoga Maria da Conceição Silva, de 36 anos. Segundo ela, só estranha quem não conhece a multiculturalidade pernambucana. “Felizmente, essa riqueza de ritmos está ficando cada vez mais popular e já é uma marca do Carnaval de Recife”, complementou.

No caso da “Chá de Zabumba”, a banda mesclou frevos tradicionais  como o “Hino do Galo da Madrugada” e “Elefante de Olinda”, com marchinhas juninas consagradas do repertório deles, a exemplo da “Mulher de Tatá” e “Trem da vida”. Para o vocalista Climélio de Oliveira, ou simplesmente “Clima”, a Prefeitura do Recife vem mostrando, nos últimos 9 anos, que a folia da Cidade não está presa a regionalismos ou bairrismos, embora valorize a boa música pernambucana. “No nosso caso, embora a sonoridade esteja ligada ao forró, os temas das nossas melodias são universais, a exemplo dos principais frevos pernambucanos”, explica. Para comprovar seu raciocínio, Clima conta que lançou, em 2009, junto com o percussionista da banda, Tarcísio Rezende, o livro “Batuque book”, em homenagem ao maracatu. “Em março, vamos lançar o segundo volume, em homenagem aos caboclinhos”, finalizou.

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