“Coletivismo artístico e econômico - aspecto fundador do manguebeat cada vez mais presente na produção independente brasileira”. Para discutir esse tema, um numeroso público reuniu-se no auditório da Livraria Cultura, na tarde desta terça (23), quando aconteceu o segundo seminário da Semana Chico Science Propagando. O evento, que homenageia o revolucionário Chico Science, é promovido pela PCR através da Secretaria de Cultura e Memorial Chico Science.

Quem puxou a conversa foi o jornalista e curador do evento, Alex Antunes que contou com a presença de Pablo Capilé, vice-presidente e sócio fundador da Associação Brasileira de Festivais Independentes – ABRAFIN e Tathianna Nunes, fundadora e produtora do Coquetel Molotov, festival de música, programa de rádio, revista.

O aspecto de coletivismo, considerado uma herança do movimento hip-hop e da música eletrônica, foi bastante influente na origem do manguebeat, assim como na sua divulgação, produção de shows e discos. Para Pablo Capilé, esse conceito é cada vez mais forte para produtores e músicos. “Com o fortalecimento do intercâmbio feito entre os artistas independentes, surgido nos anos 90, o cenário musical no país começou a se transformar. No momento em que os grupos artísticos perceberam que havia um micro mercado para eles, isso foi um ponta pé para a criação de festivais importantes como o Abril pro Rock, Mada, Rec Beat e Porão do Rock, por exemplo”, completa Capilé.

Fundadora de outro importante festival, o Coquetel Molotov, Tathianna Nunes contou ao público o que inspirou o programa da rádio Universitária AM, que na época (2001) se chamava “Velhos e Novos Sucessos”. “Quando tivemos a oportunidade de colocar um programa no ar, resolvemos dividir com os ouvintes as músicas que gostávamos, mas que não eram ouvidas em qualquer lugar. Em pouco tempo, notamos que muita gente gostava das mesmas coisas que nós, só que não havia um espaço pra celebrar isso. E foi aí que nasceu a idéia de criar o Coquetel Molotov”, explica Tathianna.

O público também participou da conversa perguntando e opinando sobre o tema que sempre permeia as discussões sobre a indústria fonográfica, produção musical independente e as novas tecnologias. “Considero fundamental participar de encontros como esse para me manter atualizada acerca do que acontece no cenário musical no país e até mesmo para formar meu próprio conceito sobre o assunto. Sem dúvida, Chico Science ficaria feliz de presenciar um momento como esse. É uma ótima homenagem”. Comenta a estudante de jornalismo Priscila Monte.

ABRAFIN - A Associação Brasileira de Festivais Independentes foi criada em 2005 com o intuito de reunir, organizar e potencializar o circuito de festivais de música independente, desde então, em franca ascensão no Brasil, promovendo a troca de know-how entre produtores associados, bem como entre grupos, produtoras e coletivos responsáveis pela realização dos festivais.

A Abrafin reúne hoje eventos do gênero das mais diversas regiões brasileiras, que atingem um público de pelo menos 300 mil pessoas ao ano, fazendo circular mais de 600 bandas entre nacionais e internacionais, movimentando, uma quantia superior a cinco milhões de reais ao ano. Além de gerar pelo menos três mil empregos fixos e temporários, os festivais são os principais vetores de estímulos da cadeia produtiva da música independente brasileira, impulsionando também a abertura do diálogo com os mercados ligados ao setor em nível internacional.

Coquetel Molotov - O Coquetel Molotov surgiu na Rádio Universitária AM, do Recife, em 2001. Foi através do programa que o público recifense pode ouvir em primeira mão grupos como Deerhoof, White Stripes e CocoRosie, por exemplo. E das bandas do Recife: Eddie, Vamoz!, Mombojó e Chambaril foram só algumas que passaram pelos microfones do programa. O Coquetel Molotov é transmitido aos sábados, pela Universitária FM - 99,9 MHz, das 11h às 12h. Atualmente, o Coquetel Molotov é também uma produtora que realiza não só o programa de rádio, mas o festival, revista e selo musical.


PROGRAMAÇÃO:
LaboCA - Laboratório de Computação e Arte com Jarbas Jácome, Ricardo Brazileiro e Jeraman.
Público alvo: Qualquer pessoa interessada em computadores e arte.
Data: de 22 a 26 de março
Horário: 13h às 17h
Inscrição: de 15 a 19 de março (ou até preenchimento total das vagas)
Vagas: 18

Seminários
Curadoria: Memorial Chico Science e Alex Antunes
Local: Auditório da Livraria Cultura ( Paço Alfândega, R. Madre de Deus, s/n 50030-110 - Recife - PE (xx) 81 2102 4033)

Data: 24/03 Horário: 19h
* Valorização pop da arte brasileira de raiz. Estratégia de superação da dicotomia entre cultura pop e cultura popular, extremamente bem sucedida no Recife pós-manguebeat.
Palestrantes:
Renato L. (Secretaria de Cultura do Recife - PE)
Gilberto Monte (Fundação Cultural do Estado da Bahia/SecultBA – BA)
Data: 26/03 Horário: 15h
* Descentralização da produção cultural nacional. Ruptura da noção de centro e periferia.
Palestrantes:
Ângela Pryston (UFPE – PE)
Rodrigo Brandão (Mamelo Sound System – SP)
Laboratórios
Local: Memorial Chico Science (Pátio de São Pedro, Casa 21, Recife – PE)
* LaboCA Laboratório de Computação e Arte com Jarbas Jácome, Ricardo Brazileiro e Jeraman.
Data: de 22 a 26 de março
Horário: 13h às 17h

Serviço:
Memorial Chico Science
Pátio de São Pedro, casa 21.
Fone: 3232-2486

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