Por Muciolo Ferreira

Pelo fim do racismo, da discriminação contra a mulher negra e mais espaço. Esse foi o mote do seminário “O Silêncio da Participação da Mulher Negra na História”, aberto pela secretária Especial da Mulher, Rejane Pereira, que destacou a necessidade de construir um banco de dados para aperfeiçoar as políticas públicas de gênero do Município incluindo o segmento das negras. A secretária lembrou que o compromisso político de governo foi fortalecido pelo prefeito João da Costa ao instalar do Fórum Gestor de Gênero.

“Quem somos, como vivemos, quantas somos e o que queremos? Este será nosso desafio a partir deste momento a ser posto em prática”, observou a secretária diante de uma plateia formada exclusivamente de negras, no auditório da PCR. O encontro foi para celebrar o dia 25 de Julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

As secretarias Especial da Mulher e de Direitos Humanos e Segurança Cidadã mobilizaram mais de 80 pessoas de diversas instituições feministas para comemorar a data que começou a ser celebrada em 1992, na República Dominicana, em reconhecimento a luta das mulheres negras da diáspora africana que simbolizam a resistência contra a opressão de gênero e de classe social.

O tema do encontro teve como uma das expositoras, a coordenadora da Rede de Terreiros de Pernambuco, Vera Baroni, que pediu licença aos seus ancestrais antes de proferir sua palestra. Ela iniciou sua fala relatando sua participação na Conferência Internacional de Durban (África do Sul) em 2001, que teve representações de 183 países que retirou propostas referentes ao combate e luta contra o racismo e a discriminação. E concordou com Rejane Pereira de que é necessário um banco e dados para saber quantas mulheres negras residem no Recife e o que elas fazem a fim de se formulares ações específicas ao segmento.

Advogada, pesquisadora e militante do Movimento de Mulheres de Pernambuco, Vera Baroni disse que a história tem uma dívida mito grande e impagável com a população negra, pois sempre omitiu sua contribuição e seu papel na sociedade contemporânea. Frisou que, cientificamente, já está comprovado que a África foi o berço da humanidade, de valores e de conhecimentos.

E enumerou a contribuição do continente de etnia negra na medicina, na matemática, astrologia, siderurgia, arquitetura e na astrologia. “Mas a história só fala e lembra da gente quando batemos bombo, para elogiar a nossa culinária ou como ama de leite”, criticou. Baroni pediu à platéia para romper com o silêncio e sair da invisibilidade porque o silêncio é uma das principais causas da discriminação e da impunidade.

O seminário teve ainda como debatedora a educadora da Ong Observatório Negro e representante da Articulação de Mulheres Negras brasileiras, Soni Santos. Os debates foram mediados pela diretora de Igualdade Racial da SDHSC, Rosilene Rodrigues.

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