Coordenador do Controle de Tabagismo da Secretaria de Saúde informou que hoje, no Brasil, temos mais ex-fumantes do que fumantes

Por Kellen Lima

Fazendo referência ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado no próximo domingo (29), a Prefeitura do Recife promove e participa de diversas atividades ligadas ao tema. Nesta quarta-feira (25), o coordenador do Controle de Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer da Secretaria de Saúde, o psiquiatra Marcus Túlio, realizou palestra, no auditório do Sesc – Santo Amaro, dentro das atividades do IX Fórum de Tabagismo. A mesa também foi composta pela coordenadora Regional em Educação e Saúde do Sesc, Glauce Bezerra, e pelo médico militar, pneumologista, Ten. André Luís Bezerra.

Com o tema “Os efeitos psíquicos do tabagismo na vida do fumante”, Marcus Túlio considerou importante lembrar que há uma reversão nas estatísticas sobre o número de fumantes, segundo pesquisa realizada em uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. “Graças às leis, à pressão social e à educação, no sentido mais amplo, temos hoje um Brasil com mais ex-fumantes do que fumantes. Se fumar parecia lúdico e inocente, o cigarro finalmente passou a ser considerado nocivo”, disse.

Embora a minimização dos números seja uma evidência, as mulheres seguem o caminho contrário e engrossam o time dos que aderem ao tabagismo. Logo, aquilo que era considerado símbolo do poder masculino, também está ao alcance do gênero oposto. “As mulheres fumavam escondido dos maridos e experimentavam a sensação de poder como forma de prazer, afinal eram somente os homens que fumavam; só eles eram os poderosos. Com a liberação feminista, o cigarro teve essa associação e mais de 50% das feministas resolveram fumar”, afirmou.

Considerado uma pandemia e maior causador de mortes evitáveis do mundo - segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, o tabagismo deve ser pensado como um hábito que vem a se tornar vício. “Não podemos separar o ambiente sócio-cultural e as substâncias que compõem o cigarro quando pensamos em dependência. O cigarro em si já é um fator forte e intenso para dependência; é um excitante suave. Aliado a isso, temos as propagandas e os fatores sócio-culturais”, enfatizou Marcus Túlio.

Doenças – As implicações clínicas, ocasionadas pelo tabagismo, foram o tema da palestra do Ten. André Luiz Bezerra, que enfocou as doenças relacionadas ao coração, pulmão, além de diversos tipos de câncer. Segundo o médico, 31% da população nordestina é adepta do cigarro, o que pode vir a sugerir um alto índice de mortandade ocasionada pelo fumo. “O tabagismo não é uma coisa simples, ele leva à morte e é permitido pela sociedade. A pessoa que fuma usa o cigarro como uma válvula de escape e ele precisa transferir essa válvula. Se transferir, ele consegue, ele para de fumar”, afirmou.

Força de Vontade – Numa platéia composta por jovens e idosos, mereceram destaque José Ferreira da Silva, 70 anos e Peterson Santos, 20. O primeiro fumou por 59 anos e parou após procurar auxílio médico. “Minha mulher reclamava muito do cheiro do cigarro e um dia resolvi procurar uma médica. Tomei uns remédios e já tinha parado de fumar antes mesmo da médica combinar comigo a data que eu pararia. É preciso muita força de vontade, mas depois que parei, tive vida nova. Tudo mudou para melhor. Agora estou aqui porque quero dar meu testemunho”, disse. Já Peterson precisa de incentivo. “Vim aqui porque preciso que me mostrem como o cigarro faz mal. Preciso de um apoio para parar de fumar, porque é isso que eu quero”, afirmou.

Apoio – Segundo Marcos Túlio, 80% a 90% dos tabagistas já tentaram parar de fumar, dos quais apenas 3% conseguem sem auxílio médico. “É preciso pensar no tabagismo como uma responsabilidade nossa. Temos que nos conscientizar sobre esta questão”, finalizou.

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