Por Muciolo Ferreira


Com a participação de servidoras municipais e convidadas, representando conselhos e instituições de mulheres, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Especial da Mulher, realizou nesta segunda-feira (18) uma palestra sobre Relações de Gênero no Trabalho. O encontro ocorreu no Auditório Capiba, situado no 15º andar do prédio-sede da Prefeitura. Temas como assédio moral e sexual e racismo também foram enfocados.

Ao abrir o encontro, a secretária Rejane Pereira lembrou que a palestra cumpria uma demanda reivindicada na última Conferência Municipal da Mulher, ocorrida em 2008. “Discutir o tema é um desafio que a atual gestão assumiu, pois as desigualdades nas relações no trabalho começam já na infância”, enfatizou a secretária. A palestra integra a programação elaborada pelo município para o Mês do Servidor.

Entre as palestrantes, a secretária Estadual de Mulheres da CUT, Madalena Silva, que abordou o trabalho produtivo da mulher e as leis trabalhistas. Respaldada por uma pesquisa feita pela Central Única dos Trabalhadores, ela revelou que a jornada de trabalho da mulher é 13% maior que a dos homens e que o movimento sindical luta para que essas distorções sejam corrigidas sem redução de salários.

Para Suzineide Medeiros, da direção do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, além dos salários inferiores aos dos homens, um dos maiores problemas que a bancária sofre diz respeito ao assédio moral. Este foi o tema de sua palestra que a plateia acompanhou de posse de uma cartilha com o resultado de uma pesquisa nacional com a categoria. Nela os números revelam que na Região Nordeste são os homens que mais praticam o assédio moral contra as mulheres. Já nas regiões Sul e Sudeste o delito é praticado tanto por homens quanto por mulheres, sempre ocupantes de cargos superiores as suas vítimas.

Já o racismo no trabalho vem de muito longe. Segundo a presidente do Observatório Negro, Ana Paula Maravalho, considerando os aspectos históricos e culturais de cada povo, principalmente dos povos que descobriram as Américas, o racismo ainda é visto como uma ideologia que busca manter a hierarquia e privilégios dos brancos sobre os negros nos espaços de trabalho. E denunciou serem as negras as mais sujeitas ao racismo e assédios moral e sexual.

Por conta desse comportamento, Ana Paula conta ser alto os índices de trabalhadoras negras com depressão, síndrome do pânico e problemas de alcoolismo, esta última patologia anteriormente mais comum entre os homens. No entender das palestrantes, em todos os casos só existe um caminho a tomar: “as pessoas não podem ser cúmplices; elas têm que denunciar”.

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