Montagem carioca com grande elenco faz mais duas apresentações no Recife

Por Jaciana Sobrinho

As portas do teatro se abrem e o público vai entrando. No lugar de cenário, encontram as cortinas já descerradas, diretora, produtores, equipamentos de som e monitores de vídeo no palco, atores dispersos conversando entre si. Assim é o cenário do espetáculo carioca ”Corte Seco”, apresentado na noite de ontem (22), no Teatro Apolo, durante o XIII Festival Recife de Teatro Nacional.

Dirigida por Cristiane Jatahy, a peça é a última parte de uma trilogia composta também por “Conjugado” e “A falta que nos move” (esta última passou pelo Festival Recife de Teatro em 2006), e foge do convencional por não contar os fatos de maneira linear. Os atores são interrompidos a qualquer momento pela diretora e a cada instante uma nova história começa ou continua. “Tudo que contamos aqui é baseado em notícias de jornal e processos judiciais. A intenção é mostrar a fronteira entre realidade e ficção, já que também os personagens se utilizam dos nomes dos atores”, explicou a diretora.

Outro ponto nada tradicional do espetáculo são as diversas cadeiras espalhadas pelo palco onde estão escritos verbos como narrar, interiorizar, descrever, caracterizar e dialogar. Tais palavras são utilizadas como um comando para quem senta ou se aproxima de determinada cadeira e também servem para que um ator/personagem interrompa o texto do outro por diversos momentos. “É um verdadeiro mosaico de idéias, de histórias. Fiquei surpreso como algo tão diferente pode ser tão bom, em se tratando de teatro. Valeu a pena conferir”, opina o historiador Pedro Ramos.

Além de conversar com o público, misturando-se entre ele, antes do início do espetáculo, os atores entram e saem do teatro e, mesmo enquanto acontece outra situação no palco, suas ações como trocar de roupa ou deitar-se no meio da rua podem ser assistidas pelas telas dispostas no palco. “Sabemos que os cortes bruscos e certas cenas assustam e deixam as pessoas confusas. Alguns públicos demoram um pouco perceber que não é preciso ficar tentando entender o espetáculo, basta curtir os fragmentos. Mas é sempre divertido pra nós ver as diversas reações do público”, comenta o ator Leonardo Netto.

Cristiane Jatahy, seus produtores e os dez atores que compõem o elenco de Corte Seco fazem mais duas apresentações no Festival Recife de Teatro Nacional: nesta terça (23) e também na quarta-feira (24), no Teatro Apolo, sempre às 19h. O ingresso custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

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