Cultura
MEMÓRIA DA CANA ESTREIA NO RECIFE
11:37 Sexta-feira, 26 de Novembro de 2010
Espetáculo inspirado em obra de Nelson Rodrigues foi apresentado no Nascedouro de Peixinhos
Por Jaciana Sobrinho
Uma verdadeira casa grande foi construída no Nascedouro de Peixinhos para abrigar o público e a primeira apresentação do espetáculo Memória da Cana no Festival Recife de Teatro Nacional, na noite desta quinta (25). O secretário de Cultura, Renato L, que prestigiou a apresentação, saiu satisfeito com o que viu. “Muito bom, impactante. Peças como essa endossam o crescimento e a qualidade do nosso Festival”, afirma o secretário.
A adaptação de Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, tem referências à obra de Gilberto Freyre e se baseia, ainda, em memórias familiares dos atores. Dirigida pelo pernambucano Newton Moreno e interpretada pela Companhia Os fofos encenam, a peça traz ao palco elementos conhecidos dos recifenses ao mesmo tempo em que causa estranhamento com os fatos contados. A sessão contou ainda com a participação especial do Maracatu Estrela Brilhante.
A platéia, dividida em seis grupos, se acomodou no interior de cada quarto, separados por paredes feitas de tela. No início da peça, os atores se dirigem para seus quartos e cada um conta uma história, um pequeno segredo para seus visitantes. Depois disso, começa a se desenrolar a história de uma família interiorana que vive em uma fazenda. Jonas, o patriarca, é apaixonado pela filha Glória, e ela por ele. Para satisfazer esse desejo, ele adquire o hábito de trazer adolescentes em casa para tirar sua virgindade, contando, para isso, com a ajuda da cunhada Rute, que também é apaixonada por ele.
A mãe, D. Senhorinha, assiste a tudo e se mantém impassível. Os conflitos eclodem quando os filhos retornam para o lar: Glória, expulsa do colégio interno por se envolver com uma garota; Guilherme, apaixonado pela irmã, castra-se e abandona o seminário à procura de Glória; Edmundo, expulso de casa pelo pai, abandona a mulher com quem se casou, recentemente, por uma paixão velada pela mãe. “Tudo muito diferente do que já vi no teatro. Excepcionalmente chocante. Desde o público inserido no cenário, o sotaque, os cheiros, até o desfecho da história”, opina a estudante de artes cênicas, Joana Amaral.
“Obrigada a todos vocês. Nós ficamos muito felizes por trazer ao berço que nos inspira essa história diferente e cheia de dramas e contar com um público tão atencioso é o melhor prêmio que se pode receber. Estamos nos sentindo em casa e muito gratos”, disse, ao final do espetáculo, a atriz Luciana Lira, que interpreta D. Senhorinha. Memória da Cana ainda terá três apresentações de hoje (26) até o domingo (28), no Nascedouro de Peixinhos, sempre às 20h.
Sobre o diretor - Newton Fábio Cavalcanti Moreno (Recife PE 1968). Autor, diretor e ator. Radicado em São Paulo desde 1990, desponta a partir de 2000 especialmente no âmbito da escrita teatral. Sua dramaturgia manifesta influências da cultura popular, herança da origem nordestina, e compreende temas de impacto em torno do homoerotismo, tônica atemporal que transita entre o campo e a cidade.
A Companhia - A formação de Os Fofos Encenam aconteceu em 1992, no curso de Artes Cênicas da Unicamp, com atividades de pesquisa direcionadas ao riso e as raízes do cômico dentro da grade curricular da faculdade. No ano 2000, Os Fofos se reencontraram para a montagem de Deus Sabia de Tudo..., de Newton Moreno, espetáculo que marcou a transformação do grupo em companhia profissional de teatro de repertório. Em 2003 realizaram a montagem da comédia A Mulher do Trem. Dando continuidade a pesquisa do universo do Circo-Teatro, em 2006, encenaram o primeiro drama de sua carreira: Ferro em Brasa. 2009 foi a vez de Memória da Cana. Esse espetáculo foi contemplado com o Programa Municipal de Fomento ao Teatro para Cidade de São Paulo, Prêmio Myriam Muniz – FUNARTE – Petrobrás e Programa de Ação Cultural – PAC.
Ficha Técnica: Texto original: Nelson Rodrigues. Direção e Adaptação: Newton Moreno. Elenco de atores-criadores: Carlos Ataíde, Kátia Daher, Luciana Lyra, Paulo de Pontes, Marcelo Andrade e Viviane Madureira. Direção de Produção: Emerson Mostacco. Figurino e Maquiagem: Leopoldo Pacheco. Iluminação: Eduardo Reyes. Direção Musical: Fernando Esteves. Cenário: Marcelo Andrade e Newton Moreno. Duração: 90 minutos. Categoria: Teatro Adulto. Gênero: Tragédia familiar. Indicação etária: Não recomendado para menores de16 anos
- - Sítio Trindade apresenta História de Pingos e Chuva
- - Relações entre Jornalismo e Mediação Cultural discutidas no Museu Murillo La Greca
- - Cristina Machado inaugura exposição e lança livro no Mamam
- - Prefeitura do Recife homenageia Filhos de Gandhy
- - Corte Seco surpreende platéia do FRTN
- - Cinema e poesia em cartaz na Biblioteca de Afogados
- - Terça Negra tem Filhos de Gandhi e batismo do Afoxé Omo Nilê Ogunjá
- - Programa Multicultural abre inscrições para Oficinas nas RPAs
- - Prefeitura do Recife restaura pista de cooper no Sítio Trindade
- - Oficina do Programa Multicultural renova espaços no CRAS Bido Krause
- - Semana de Fotografia e La Greca Jazz e Etc despedem-se do público
- - Um grande Rebú marca o domingo no Barreto Júnior
- - Os Fuzis da Senhora Carrar engrandece noite do Hermilo Borba Filho
- - Milton Coelho anuncia programação do Ciclo Natalino 2010
- - Drama, suspense e comédia no Cinema do Parque
- - Dia da Conciência Negra é celebrado pelo MAP
- - Domingo é Dia de Teatro no Sítio Trindade
- - Drama circense provoca misto de emoções no público
- - IV Semana da Fotografia do Recife promove palestra no Espaço Cultural dos Correios
- - Dia da Consciência Negra é festejado com Visita Afropedagógica
|