O video foi produzido durante oficina realizada no mês de dezembro

A comunidade do Coque foi para a rua se ver na projeção montada pelos alunos da Oficina de Produção de Vídeo do Programa Multicultural ontem (7) à noite. A atividade integrou a segunda rodada de Oficinas Básicas de Arte, Cultura e Comunicação de 2010, com temas escolhidos em Diálogos nas Comunidades. O Multicultural é uma realização da Secretaria de Cultura / Fundação de Cultura Cidade do Recife.

A plateia reunida diante da casa de uma das alunas pôde apreciar a céu aberto o documentário Coque, um novo olhar, realizado ao longo das 60h/aulas de formação teórica e prática proposta pelo educador Hélio Rodrigues de Oliveira. Na tentativa de capturar um olhar diferente do mostrado pelas emissoras comerciais de televisão, as imagens mostravam atividades cotidianas da comunidade, manifestações culturais, depoimentos com opiniões de quem vive no Coque e a visão de fora, além de uma denúncia falta de infraestrutura.

O bairro do Coque ainda vive situações difíceis em relação ao saneamento básico e coleta de lixo. Foi sobre isso que falou uma moradora, conhecida como Irmã Rita, fazendo questão de levar a equipe de alunos até o local crítico, onde se emocionou ao falar sobre o problema. Para mim, o que aconteceu de mais importante nessa oficina foi o depoimento da Irmã Rita. Foi surpreendente! Ela percebeu a importância do audiovisual como ferramenta de comunicação. A gente prometeu distribuir cópias do DVD para a população da área, avaliou o educador, enfatizando que mensagens educativas sobre a importância dos moradores manterem o canal limpo foram acrescentadas durante a montagem.

Imagens em vídeo e fotografias foram usadas para a edição do documentário, arrematado por uma montagem mais experimental que dialoga com a videoarte. Nela aparecem lugares visitados pelos alunos, como a Academia da Cidade e o Neinfa, organização não-governamental de orientação budista. Para além da técnica de produção do audiovisual, aprenderam sobre o lugar onde vivem, como explica o aluno Diego Lacerda: Aprendi muita coisa: a tirar foto, cuidar da câmera, aprendi a falar muitas coisas que eu não conhecia. Também aprendi muito da comunidade, com o Neinfa, com o afoxé, a capoeira, o hip-hop.

Reflexões sobre o lugar, a vida, a carreira a ser seguida parecem ter marcado o processo de ensino-aprendizagem. É o que se revela nas falas dos jovens ansiosos por se expressarem. A aluna Daniela Amorim, anfitriã da exibição, conta que vivia no Coque, mas não o conhecia: Vim fazer a oficina porque meus amigos vinham. Eu aprendi muito sobre o lugar onde vivo. Aprendi a ver isso aqui com outros olhos. Igor Carlos também opinou: Aprendi que eu posso trabalhar com isso. É muito importante a pessoa aprender, não só vendo, mas atuando, filmando.

Encerrando a conversa, o aluno Jhonata Fernandes, cujo pai cumprimentava todos orgulhosamente, contou que a participação na oficina o fez ampliar suas perspectivas. Eu tive mais experiência de que posso de fato escolher qual vai ser a minha profissão. Tudo o que a gente escolhe pode mudar a vida, filosofa. O aluno, que queria cursar Letras, contou que agora se vê diante da possibilidade de escolher formação em audiovisual.

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