Considerado um dos ‘pais’ do movimento em sua terra natal, especialista falou sobre o processo na capital pernambucana

Por Larissa Correia

Internacionalmente reconhecido por seu engajamento pela luta anti-manicomial em seu país de origem, o psiquiatra italiano Ernesto Venturini foi o convidado de honra em palestra que a Prefeitura do Recife promoveu na noite desta segunda-feira (17), na Livraria Cultura. Com o tema Loucura e Cotidiano, a saúde mental na cidade, o encontro teve a presença do secretário municipal de Saúde em exercício, Tiago Feitosa, e de outros gestores, servidores e usuários da rede municipal e do público em geral.

Durante o evento, o especialista falou sobre a forma como a desinstitucionalização de pessoas com transtorno mental ocorreu em sua terra natal. “Na Itália, quase todos os hospitais eram do Estado, o que facilitou o processo de fechamento. A necessidade de construir possibilidades alternativas para atendimento foi imediata. Para nós, o mais importante era envolver os cidadãos. Não achávamos que conseguiríamos consenso. Acreditávamos no poder de responsabilidade e na coerência de algumas pessoas”, lembrou.

Venturini ainda destacou a importância de se preocupar também com os demais envolvidos no processo. “O profissional não pode pensar que está acostumado com a dor, a recaída, o sofrimento... são coisas que puxam forte no sentimento. Elas fazem parte do trabalho e exigem equilíbrio emocional e funcional. É importante cuidar dos pacientes, de si mesmo e dos outros. É permitir o olhar do outro sobre você. O conceito de reciprocidade é fundamental e terapêutico. Se o profissional, do início ao fim do tratamento de um usuário, não muda nada, ele não conseguiu um verdadeiro resultado”, concluiu.

Debates – Nesta terça-feira (18), pela manhã e início da tarde, ocorre no Mar Hotel, em Boa Viagem, o I Ciclo de Debates em Saúde Mental do Recife. O psiquiatra Ernesto Venturini participará da mesa “Política de Saúde Mental: O Desafio Cotidiano da Tessitura da Rede”. Outra convidada da é Sandra Fagundes, consultora técnica da área no Ministério da Saúde. Ainda como parte da programação haverá um ato solene marcando o fechamento do Instituto de Psiquiatria do Recife (IPR), o início do fechamento do Hospital Psiquiátrico de Pernambuco (HPP) e o lançamento do Centro de Convivência: Da Loucura da Cidade à Saúde Mental da Polis, que funcionará na Várzea.

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