Evento contou com a participação de usuários, parentes e profissionais da Rede Municipal de Saúde

Por Larissa Correia

Tradicional cenário de manifestações artísticas da capital pernambucana, o Pátio de São Pedro foi tomado por um público diferenciado nesta quarta-feira (18), quando a Prefeitura do Recife comemorou o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Com o tema “Não troco minha rede por um leito”, ao longo do dia, o evento reuniu mais de 600 pessoas, entre profissionais, pacientes e parentes de usuários da Rede Municipal de Saúde, além de ativistas e simpatizantes da reforma psiquiátrica.

A agitação começou por volta das 9h30, com um aulão da Academia da Cidade. Depois de um alongamento, a ginástica entrou no ritmo junino. Profissionais de vários polos do programa movimentaram os presentes ao som do forró. Até uma quadrilha foi formada em meio à multidão.

Em seguida, o palco foi ocupado por diversas apresentações culturais produzidas por usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), tanto os de transtorno mental com aqueles em tratamento para dependências químicas. Teve esquete teatral e até número com mamulengos. Houve espaço ainda para shows dos grupos Coco dos Pretos, de Chão de Estrelas, e Orquestra Perfil, de San Martin. Integrantes da Companhia de Teatro Drão, do Bongi, também mostraram a sua arte ao público.

Enquanto a festa tomava conta do Pátio, a população pode aproveitar diversas atividades paralelas armadas no local. Um dos espaços mais concorridos foi o brechó que comercializou roupas, sapatos e acessórios de segunda mão. Também chamaram atenção as barracas que comercializaram peças produzidas pelos pacientes em oficinas de geração de renda.

As oficinas de beleza, percussão e dança conseguiram atrair dezenas de adeptos. Enquanto uns cortavam os cabelos, outros aprendiam a ginga e os passos da capoeira ou a tocar instrumentos como tambor e ganzá. Quem estava por lá aproveitou ainda para visitar os equipamentos culturais da Prefeitura do Recife, como o Memorial Luiz Gonzaga e a Casa do Carnaval, que tiveram horário ampliado até as 18h para receber os participantes da mobilização.

Tanto de manhã quanto à tarde, arte-educadores do Consultório de Rua distribuíram abraços e apresentaram uma peça falando sobre os riscos do consumo de drogas. Quem se encaixava no perfil da campanha – idosos, gestantes e crianças com idade entre seis e 24 meses – recebeu a vacina contra a gripe.

“O Dia de Luta Antimanicomial é uma forma de convocar a sociedade a fazer uma reflexão sobre uma parcela da população que foi segregada ao longo dos tempos. Desde 1977, quando ocorreu a 1a Conferência Nacional de Saúde Mental, é feita uma discussão sobre mudanças no modelo de assistência às pessoas com transtorno mental e dependência química. A Prefeitura do Recife trabalha pelo fortalecimento da questão da autonomia do sujeito e tem investido fortemente no processo de desospitalização, principalmente com o fechamento da porta de entrada de duas instituições tradicionais do município, o IPR e o HPP”, apontou Pollyanna Pimentel, gerente da política de redução de danos da Secretaria de Saúde do Recife e uma das coordenadoras do evento.

A mobilização desta quarta-feira (18) contou com intervenção de diversas secretariais municipais. Além da Saúde, participaram Educação, Juventude, Cultura e Serviços Públicos (CTTU e Emlurb), bem como a coordenadoria do Orçamento Participativo, a Fundação de Cultura da Cidade do Recife e a autarquia Geraldão, por meio dos Círculos Populares de Esporte e Lazer.

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