Textos

Taynã

Renato L

Francisco França conheceu Ana Luiza Brandão durante uma apresentação do Orla Orbe – uma das bandas que formou antes da Nação Zumbi – no Colégio Bairro Novo, em Olinda. O namoro durou pouco, mais ou menos um ano. Tempo suficiente, no entanto, para o casal gerar Louise Taynã Brandão Filho. A única filha de Science é, hoje, uma adolescente de 16 anos que herdou do pai o gosto pela vida artística. Já mexeu com música e teatro e planeja prestar vestibular para Cinema em 2008.

Taynã lembra que Science gostava de se definir como “um pai maloqueiro”. Lembra, também, o bordão com o qual sempre a recebia: “chegou a herdeira!”. Guarda com carinho cadernos com fotos de seus encontros e de momentos da trajetória da CSNZ. Numa das páginas, uma letra inédita, ainda do tempo em que Chico adotava o sobrenome artístico de Vulgo: “sou um bandido da música/um marginal das idéias/conheço todos os ritmos/eles vagam em minha mente/à procura de um lugar ao som”.

Chico Science não morreu em fevereiro de 1997. Chico Science morreu ano passado, vítima de insuficiência respiratória. Tinha quase sessenta anos e era um consumidor inveterado de nicotina. O Chico Science pioneiro nunca tocou qualquer instrumento, nem subiu em um palco. Seu barato era ficção-científica estilo “Eram os deuses astronautas?”, em voga na década de 70. Ganhou o apelido da família, uma forma de ironizar seu jeito de “sabe tudo”. Era tio de um dos mangue boys de primeira hora, amigo de Francisco França. O codinome circulou na turma por conta do “Chico” em comum. Ninguém imaginava o que viria depois...