... O PROGRAMA ...
 
    “A educação para o movimento sustentável é urgente. Existe agora um debate internacional, que é o fato de que a forma como se educa está ultrapassada e necessitamos urgentemente atualizar o novo paradigma da educação. Educadores devem assumir uma postura “verde” na forma de trabalhar; não se trata apenas de ensinar, mas de dar o exemplo em favor de uma cultura de paz e da preservação dos recursos naturais para as gerações futuras. A educação sobre o meio ambiente é uma situação que envolve uma experiência direta com o espaço no momento do aprendizado. Trata-se de uma postura interdisciplinar, holística e que inclui a dimensão ética de assumir uma responsabilidade pelos nossos atos. Destaca a importância em se integrar de forma sistêmica todos esses ângulos na abordagem educativa”.
Vincent Defourny
 


    O Programa Educar para uma Cidade Sustentável é o programa municipalde educação ambiental da cidade do Recife. Uma das diretrizes desseprograma é a formação de educadores ambientais. Dentro de umaperspectiva sistêmica, compreendemos que assim como na natureza,o mundo se estabelece como uma teia de relações. Qualquer sistemaque envolva seres vivos em um determinado espaço, que interagem esão interdependentes, pode ser percebido como um sistema ecológico.

    Assim são os ecossistemas, as florestas, os animais.Se fôssemos comparar a presente proposta de formação com algumser vivo, poderíamos relacioná-la com o ciclo de vida de uma árvore: (1)neste nosso primeiro encontro, estamos plantando a semente; o soloé fértil, pois o contexto espacial e temporal, além do nutriente (seu conhecimentoprévio) e água (sua curiosidade, desejo de crescimento pro?ssionale pessoal) são ricos e de qualidade. (2) A semente vai reconhecero terreno, se ajustar às condições do solo, se apropriar de suascaracterísticas. Este processo não se encerra com o primeiro encontro.(3) Seguiremos de forma presencial acompanhando o crescimentodesta planta, passo-a-passo, através das atividades de monitoramento, nas escolas, com nossa equipe de semeadores, os técnicos e analistasdas secretarias de educação e de meio ambiente e sustentabilidade daPrefeitura do Recife, que estarão atentos e disponíveis para ajudar. (4)Ao longo do ano letivo, as escolas e seus professores poderão agendarvisitas aos Núcleos de Educação Ambiental do Recife – ECONÚCLEOS,onde discentes e docentes poderão desenvolver atividades vinculadasaos seus projetos interdisciplinares. Estes Econúcleos são como o troncoque começa a se erguer a partir das sementes germinadas no solo daeducação ambiental das nossas escolas, que são os educadores. Atravésdeste tronco, a ceiva irá ?uir disseminando conhecimento e rede?nindoa forma de percebermos o mundo e suas interações.

Nesse processo de crescimento, se estabelece a etapa à distância, onde(5) nas escolas, cada equipe docente se desdobrará no planejamentode seus projetos pedagógicos interdisciplinares. Cada escola, com seuprojeto será um galho robusto do tronco da árvore, dele partirão as atividadesinterdisciplinares, como galhos que proporcionam um crescimentosaudável de uma árvore frondosa. Com o passar do tempo, virãoo amadurecimento e a consolidação de um conceito de aprendizagemparticipativa e envolvente, que logo florescerá e gerará bons frutos.

No florescimento, festejaremos e promoveremos as trocas de experiências. Flores que representam os resultados obtidos das ações desenvolvidasem cada escola serão socializadas e compartilhadas, tal quala etapa reprodutiva das plantas, através de nossa (6) Feira de Conhecimentos..

Aí é só colher os frutos, maduros, contendo as sementes quedão início a um novo ciclo, tendo os discentes como novas sementes, disseminando conhecimento e transformando a realidade da nossa cidade,pois essas novas sementes serão agentes multiplicadores.

Assim, a árvore mãe segue seu curso, cumprindo a missão de educarpara a sustentabilidade.
 


Caminhos Metodológicos da Implementação do Programa
 
    Não há como negar que a Educação é o caminho pelo qual poderemos transformar a realidade do Recife. Com esse intuito, estamos hoje discutindo a temática de educação para a sustentabilidade. LucieSauvé relata que é preciso fazer uma reflexão crítica entre a educação ambiental – EA e o desenvolvimento sustentável – DS, pois a Educação Ambiental para a sustentabilidade – EADS, esconde diferentes concepção de meio ambiente, de educação e do próprio desenvolvimento sustentável. A autora categoriza essas percepções conforme estratégias de educação ambiental assumidas pelos educadores.

Em análise das tipologias das concepções sobre o ambiente na Educação Ambiental, SAUVÉ (1992, 1994) fala das representação de ambiente que podem ser abordadas pela educação ambiental. Na representação do ambiente como Natureza, estabelecem relações contemplativas do ambiente. Assim , a interpretação é que o ambiente seja algo para ser apreciado e preservado, tal como uma catedral ou como um útero, pura e original. O fazer pedagógico a partir dessa representação traz estratégias didáticas de exibições e imersão na natureza. A segunda representação sugere um ambiente visto como Recurso; deste modo o ambiente deve ser gerenciado. As características que permeiam a representação envolvem uma herança biofísica coletiva, em busca da qualidade de vida. Metodologias nessa categoria de educação ambiental são as campanhas dos 3R’s, auditorias ambientais, estudos do meio. Na representação do ambiente como um problema, parte-se do pressuposto de que este deve ser resolvido, desta forma a estratégia de educação ambiental a ser adotada visa a solução de problemas ambientais com ênfase daqueles que afetam diretamente as pessoas, como poluição, deterioração e ameaças. A Metodologia visa a resolução dos problemas levantados abordando por exemplo o estudo de casos. Numa quarta representação de ambiente, a autora traz a percepção do ambiente como um lugar para se viver. Nesse contexto a educação ambiental deve ser voltada para, sobre e no ambiente. Sugere princípios de precaução. O objeto de estudo é a natureza com seus componentes sociais, históricos e tecnológicos. Sugere-se métodos de projetos de jardinagem, lugares ou lendas sobre a natureza. Outra representação ambiental está na percepção como Biosfera. Aí entende-se o ambiente como um local para ser dividido. Compreende-se a Terra como uma Nave-mãe, “Gaia”, valorizando a interdependência dos seres vivos com os não vivos. Nessa perspectiva a educação ambiental deverá focar a metodologia de estudo de caso a partir de problemas globais, abordando histórias com diferentes cosmologias. Finalmente, temos a representação do ambiente como um projeto comunitário, onde as pessoas devem ser envolvidas e a natureza tem foco na análise crítica dos problemas, envolvendo a participação política da comunidade. A etodologia nesta modalidade de educação ambiental baseia-se na pesquisa participativa para a transformação comunitária.

Pensando não apenas em uma, mas em todas as formas de EA descritas anteriormente, não elegeremos apenas uma categoria, mas todas as formas de percebermos o mundo que nos cerca. De acordo com o enfoque e a representação maior dos problemas que se integram a gestão e processos inerentes a cada órgão ou secretaria municipal, serão eleitos os projetos que buscam o desenvolvimento sustentável. Assim, a Cidade do Recife buscará a sustentabilidade, pelos caminhos da educação.
 
Bibliografia utilizada para este texto
. FREITAS, Neli Klix. Políticas Públicas e Inclusão: Análise e Perspectivas Educacionais. Jornal de políticas educacionais. n.7. p. 25–34. jan/jun. 2010
. SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 317322, maio/ago. 2005
. SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental e desenvolvimento sustentável: uma análise complexa. Disponível em http:// www.ufmt.br/revista/arquivo/rev10/educacao_ambiental_e_desenvolvim.html
. GONÇALVES, J. C. S. Interseção Sustentabilidade urbana. Au. 212 ed. Novembro/2011.
Disponivel em: http://www.usp.br/fau/cursos/graduacao/arq_urbanismo/disciplinas/aut0221/Material_de_Apoio/Cidades/Sustentabilidade_Urbana_artigo_joana_Goncalves.pdf. data de acesso: 02/01/2014
 


O Programa de Educação Ambiental nas Instituições de Ensino
 
Objetivo Geral
    Implantar e Implementar o Programa de educação ambiental “Educar para uma cidade Sustentável”, na Rede Municipal de Ensino do Recife.

Objetivos Específicos
  • Formar os Educadores da Rede Municipal de Ensino do Recife, visando a consolidação do fazer pedagógico nas escolas focado no desenvolvimento sustentável e na cidadania planetária.
  • Subsidiar a vivência de projetos pedagógicos sobre sustentabilidade.
  • Envolver os equipamentos, estruturas e infraestrutura ambientais da cidade no cotidiano e nas atividades escolares da Rede Municipal de Ensino do Recife.
  • Integrar as diferentes áreas do conhecimento à temática Meio ambiente, no viés da sustentabilidade.
  • Promover o empoderamento e o protagonismo dos aprendentes nas escolas municipais do Recife, pela construção do conhecimento sistêmico acerca das questões ambientais locais.

Metodologia do Programa

Etapas Presenciais
  • Encontro de formação – 8 h
  • Visitas das escolas aos Econúcleos, Barco escola, Jardim Botânico do Recife, Praças de Burle Marx
  • Participação nos eventos previstos no Calendário Ecológico
  • Culminância dos projetos e Certificação: Feira de conhecimentos e Sarau Ambiental

Etapas à distância
  • Visitas e interatividade no ambiente virtual
  • Cadastro das Escolas
  • Inscrição dos Projetos
  • Pesquisas e estudos de aprofundamento
  • Planejamento de Projetos Interdisciplinares nas Escolas
  • Execução de projetos
  • Preparação para a Feira de conhecimentos

O participante deve fazer
  • Participar atentamente e ativamente do encontro de formação e demais etapas presenciais do Programa
  • Acessar o ambiente virtual do Programa Educar para uma Cidade Sustentável, fazendo o cadastro do professor e interagindo através de participação em fóruns e chat
  • Aderir ao Programa Educar para uma Cidade Sustentável, cadastrando sua escola no ambiente virtual do programa
  • Cadastrar o projeto pedagógico no ambiente virtual do Programa, mediante preenchimento e envio de formulário eletrônico
  • Fazer a leitura do Caderno do Educador Ambiental disponível em mídia magnética e no ambiente virtual
  • Agendar a participação individual e da escola nas atividades e eventos dos Ciclos e do PEAV, através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife
  • Realizar visitas com as escolas nos Econúcleos, Jardim Botânico do Recife, Escola Ambiental Águas do Capibaribe e praças de Burle Marx, como atividade complementar dos projetos pedagógicos
  • Consultar periodicamente o fórum de notíciasno ambiente virtual para obter informações atualizadas do Programa
  • Elaborar material para exposição dos resultados do projeto na Feira de Conhecimentos

Estrutura do Programa Educação Ambiental para uma cidade sustentável
  • Encontro de Formação Continuada
  • Ambiente Virtual
  • Mídia Magnética
  • Guia do Participante
  • Caderno do Educador
  • Links e arquivos para download
  • Monitoramento virtual e presencial
  • Avaliação: Feira de conhecimentos
  • Certificação e premiação das escolas participantes
  • Premiação dos professores envolvidos
  • Culminância com Sarau Ambiental

Diretrizes para elaboração dos Projetos Pedagógicos
  • Interdisciplinaridade: o projeto deve permear o máximo de disciplinas atendendo, quando possível, a mais de uma área do conhecimento: meio ambiente e suas tecnologias, ciências exatas e suas tecnologias, ciências humanas e suas tecnologias; linguagem e suas tecnologias
  • Transversalidade: atendimento às dimensões do desenvolvimento sustentável: economia, sociedade, cultura e meio ambiente
  • Aplicabilidade: o projeto deve estar condizente com a realidade local e suas especificidades materiais (recursos naturais, estrutura e infraestrutura da escola), e especificidades não materiais (recursos humanos: professores, equipe de gestores e coordenadores, corpo discente)
  • Replicabilidade: capacidade de aplicação do projeto em outras instituições
  • Viabilidade econômica: Como não há orçamento nem recursos financeiros específicos para a realização do projeto, ele deve ser adequado à realidade de cada escola
  • Identidade local: o projeto deve atender à vocação e características do meio ambiente natural e social nos quais a escola está inserida
  • COM-VIDA: o projeto deve incluir o fortalecimento ou a criação de Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (COM-VIDA), explicitando sua composição e breve metodologia de funcionamento
  • Coleta Seletiva: os Projetos devem prever a implantação da Coleta Seletiva nas Escolas, contando com o Projeto que será desenvolvido pela EMLURB
  • Parcerias: sempre que possível, o projeto deve considerar a articulação com outras ações da Prefeitura desenvolvidas sistematicamente no território
  • Prazo: o projeto deve ser concebido, executado e apresentar resultados, respeitando o cronograma do programa, com prazo máximo de seis meses
  • Produto Final: os resultados esperados do projeto precisam ser passiveis de expressão através de um produto final, que possa ser exposto e apresentado na Feira de conhecimentos
  • Envolvimento: o projeto deve envolver o máximo de segmentos e representações da escola: corpo discente, docente, gestores, coordenadores, servidores, comunidade, etc. A escola deve também está envolvida no calendário ecológico e nas atividades do Programa de Educação Ambiental disponíveis para o público geral e/ou especifico das escolas
  • Perspectiva de continuidade: a sustentabilidade e continuidade do projeto devem ser levadas em consideração, para que o programa não se encerre com a finalização do projeto, e sim possa ser continuado através de outros projetos na escola, sempre voltado para o desenvolvimento local sustentável






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