Documento: Recife do Corpo Santo
Paliçada - Formação do arruado

Autor : Vanildo Bezerra Cavalcanti

Século XVI à XVII

"... desde a Fortaleza do Buraco, passando pela do Brum, derivando um pouco para o Leste pela Igreja do Pilar, seguindo em linha reta e estreita até a Praça Arthur Oscar (referência contemporânea), aí começava verdadeiramente, o "POVO", o qual descrevendo uma leve curva norte-oeste, ia terminar prás bandas da Igreja da Madre de Deus, que então não existia.

A área territorial da Povoação do Recife, quando se transformou em sede do domínio flamengo na América, foi fechada - conforme um plano de fortificação do engenheiro Commeateyn - por trincheiras e bastiões que substituíram a velha paliçada portuguesa, com apenas três portas dando o acesso natural à cidadela, seguindo o modelo convencional de defesa das cidades medievais.

A gravura intitulada (‘T’ Recif de Pernambuco ‘, data e autor desconhecido, mas feita presumívelmente antes de 1633, mostra o depois chamado "Dique do Porto" (Havensdijck) mas nela designada de "Hethooft" (a cabaceira ou, em tradução livre o trapiche), bem de frente com seu portão escancarado, aquele que se transformaria na Porta do Mar (Waterpoort). Entretanto, as legendas desta gravura não acusam nenhuma das portas que futuramente iriam constar dos documentos holandeses, principalmente por José Higino Duarte Pereira e José Antônio Gonçalves de Mello.

Assim, tudo faz crer que as três portas, isto é, a "Porta da Terra" (Lantpoort), a Porta do Mar (Waterpoort ) e a Porta da Balsa (Pontpoort), foram destacadas depois daquela época, sendo o que se vê, na aludida gravura, obra dos portugueses e a gravura feita já no domínio flamengo."

"Se como ponto inicial para descrevermos as trincheiras que guarneciam "O POVO" tomássemos a "Porta da Terra" depois "Porta do Norte" e finalmente "Arco do Bom Jesus" (atualmente Praça Arthur Oscar) e daí, seguindo pelo lado oriental, logo descêssemos para o Sul, iríamos encontrar a "Portar do Mar", quase defronte à Igreja do Corpo Santo, ou de Santelmo, e do Palácio dos Governadores. Então, derivaríamos para o poente, seguindo mais ou menos pela atual Travessa da Madre de Deus, indo alcançar a frente da Igreja, ainda não existente, pois aí já era o "rio morto". Seguiríamos para o norte, passando pela "Porta da Balsa" (depois Porta da Ponte, do Recife, do Arco da Conceição), daí dobrando para o nascente, num trajeto curvilíneo, pelas hoje ruas Álvares Cabral, da Guia (primeiro trecho) e toda Domingos José Martins, retomaríamos ao ponto de partida. Foi nesse perímetro, não superior a 100.000 metros quadrados que os holandeses se amontoaram".

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