DONA SANTA Rainha e Yalorixá
SECULARES NAÇÕES AFRICANAS

Na sua fase áurea, o Maracatu Elefante, segundo Guerra Peixe, saiu às ruas em 1928 com os seguintes componentes: rei, rainha, dama-de-honra da rainha, dama-de-honra do rei, príncipe, princesa, dama-de-honra do ministro, ministro, dama-de-honra do embaixador, embaixador, duque, duquesa, conde, condessa, quatro vassalos, quatro vassalas, três calungas, (Dom Luiz, Dona Leopoldina, Dona Emília), três damas-do-paço (responsáveis pelas calungas durante o desfile), porta-estandarte, escravo (responsável pelo cumbi ou umbela), figuras do tigre e do elefante, guarda coroa, corneteiro, baliza, secretário, lanceiros (treze meninos), brasabundo (uma espécie de guarda-costas do grupo), batuqueiros (quinze músicos), vinte caboclos, vinte baianas, importando o cortejo em cerca de 150 pessoas.
A orquestra de um maracatu nação, também chamado de baque virado, é formada tão somente por instrumentos de percussão, ao contrário dos maracatus de orquestra que quase sempre têm um trombone e outros instrumentos de sopro no seu conjunto.



DONA MADALENA Rainha e Yalorixá
Foto: Pio Figueiroa
Guerra Peixe, in Maracatus do Recife, assim descreve o seu batuque: "o tarol anuncia levemente um esquema rítmico bem simples, rufado e intercalado de pausas; quase no mesmo instante, o gonguê assinala a sua rítmica característica; a seguir, dão entrada as caixas-de-guerra. Por essa altura, o tarol já passou do esquema inicial às variações. Daí prosseguem as entradas dos zabumbas: o marcante destaca os baques violentos e espaçados; o meião, pouco depois, segue o toque do marcante; e, conjuntamente, ressoam os repiques, aumentando enormemente a intensidade do conjunto. Releva notar que mais ou menos contemporaneamente à entrada dos últimos, as baianas respondem em coro. À repetição do coral, os zabumbas fazem variações, as quais cessam cada vez que a rainha (ou diretor, no caso do Leão Coroado) canta o solo.


Sr. LUIZ DE FRANÇA Babalaô e Sacerdote de Ifá
Foto: Pio Figueiroa
Novamente, à volta do coro, repetem-se as variações, enquanto a intensidade se torna cada vez mais forte e o andamento vai sendo acelerado, tudo concorrendo para subjugar as baianas.
Alcançando o clímax musical, o toque permanece algum tempo na polirritmia cada vez mais violenta quando, sobressaindo-se a tudo, se ouve o apito da rainha (ou responsável pelo conjunto) advertindo o próximo fim da música.
Baianas e músicos ficam atentos e, à repetição do apito - seja em que momento tenha coincidido no decorrer da execução - os batuqueiros aguardam o próximo ictus do motivo rítmico e, subitamente, todo conjunto estaca num preciso e intensíssimo baque surdo: pára o toque".



DONA ELDA Rainha e Yalorixá Foto: Flávia Lacerda
A orquestra de um maracatu nação é quase sempre formada por um gonguê, um tarol, duas caixas-de-guerra e nove zabumbas (bombos), podendo ser acrescido um ganzá e o número de zabumbas variar de acordo com as posses do contratante.
Preservando a denominação de nação, os préstitos dos maracatus de baque virado (que utilizam nas suas apresentações tão somente instrumentos de percussão de origem africana) continuam a desfilar pelas ruas do Recife nos dias do carnaval e nos meses que antecedem a grande festa. Denominando-se de Nação do Elefante (1800), Nação do Leão Coroado (1863), Nação da Estrela Brilhante (1910), Nação do Indiano (1949), Nação Porto Rico (1915), Nação Cambinda Estrela (1953), além de outros grupos que surgiram mais recentemente, mantendo a tradição africana dos seus antepassados.