FERTILIDADE DO HOMEM E DA TERRA

Festa é sinônimo de comemoração
e entre o profano e o sagrado,
o Ciclo Junino,no Brasil,
se tornou uma das manifestações
mais populares e que, ainda hoje,
mesmo nos grandes centros urbanos, traz
as marcas do sincretismo religioso cristão
e dos cultos antigos - de natureza agrária -
que remontam aos romanos
com sua mitologia politeísta.

Do interior para os grandes centros urbanos. Foto: Pio Figueiroa

Antes mesmo do advento do Cristianismo, as festas juninas já eram bem populares, considerando que os romanos, segundo a mitologia, para homenagear a Deusa Juno, realizavam rituais que exibiam as características de adoração do fogo nos cultos à fertilidade da terra e do homem, em festivais do início do solstício de verão ( no hemisfério norte), quando se registram os dias mais longos do ano.

Por ser de natureza agrária, outras fontes registram que as festas juninas eram realizadas não só na Europa, mas também na Ásia e África com ritos em honra a diversas divindades, também por ocasião do início do verão no Hemisfério Norte, época de colheitas de cereais. Tais cerimônias usavam o fogo como elemento contra a fome e o frio, para afastar feras de grande porte e os animais fantásticos que traziam influências maléficas para as comunidades e, enfim, o fogo era, para os povos antigos, o símbolo do Sol, deus purificador e fecundador, além de representar a chama da vida e da alma.
Assim , quando o Cristianismo se sobrepôs à mitologia pagã, os costumes bem enraizados na cultura européia não foram extirpados em toda sua complexidade e os povos continuaram a fazer suas festas a cada novo verão.

Roberto Benjamin, em sua pesquisa, cita Câmara Cascudo, que diz "Portugal possuiu no espírito da sua população todas as superstições, adivinhações, crendices e agouros amalgamados na noite de 23 de junho, convergência de vários cultos desaparecidos e de práticas inumeráveis, confundidos e mantidos sob a égide de um santo católico". Desta forma, com a vinda dos portugueses para o Brasil , o Ciclo Junino - resultante dessa aglutinação dos cultos pagãos em louvor à terra e à fertilidade humana, com a data de nascimento do santo católico João Batista, preparador da vinda de Cristo - encontrou um terreno bastante favorável para uma quase imediata identificação com a recém conquistada colônia portuguesa.