FESTA DO FOGO


Foto: Pio Figueiroa
Para a Igreja Católica o costume de acender fogueiras no dia de São João se deve ao fato de Maria, mãe de Jesus e prima de Isabel, mãe de João, ter ido fazer uma visita nas proximidades do nascimento do filho de Zacarias e Isabel. Como Maria passou três meses com a prima, nas montanhas de Judá, e a comunicação era difícil, combinou com José, o seu noivo, que lhe avisaria quando o filho de Isabel nascesse, acendendo uma fogueira na frente da casa para que ele então fosse buscá-la. O fogo passou então a ser um louvor a São João e a fogueira um símbolo do seu nascimento.

Ao lado das fogueiras, símbolo maior e tradicional da festa, encontramos diversos elementos que reforçam o paralelo existente entre o profano e o sagrado no Ciclo Junino, seja através dos fogos de artifícios, dos cultos aos três santos católicos (Santo Antônio, São João e São Pedro) , como a procissão do Acorda Povo ou nas tradições dos negros vindos da África, em suas louvações a Xangô - Senhor dos Raios e Trovões. E ainda na culinária, vinculada ao início da colheita do milho, na tradição dos bacamarteiros e , finalmente, nas danças como o coco, a ciranda, o xaxado e a quadrilha, pontuadas por uma musicalidade marcada pela contribuição oriunda das culturas portuguesa, indígena e negra.

A alegria da festa e as promessas

Ao compreender o acender do fogo como um louvor aos santos católicos ou para afastar os animais fantasmagóricos da fome e da miséria ou ainda para festejar a fertilidade da terra e do homem, o fato é que , no Ciclo Junino, detectamos uma face do comportamento cultural do homem nordestino e nela, a alegria do pipocar dos fogos nas brincadeiras das crianças, o encantamento das girândolas coloridas e artesanalmente confeccionadas , a rapidez dos foguetes singrando o céu , a subida poética dos balões nas noites de São João, as velhas superstições para quem mexe com fogo, a canjica, a pamonha e a fatia do bolo de Santo Antônio , as promessas de amizade e as juras de amor trocadas no meio da quadrilha, no ritmo de "balancê".