CIRANDA

"Cirandar é peneirar, joeirar, passar pela ciranda, que é peneira grossa com que se joeiram grãos de areia (...)".

Etimologicamente, a palavra "ciranda" foi alvo de muitas interpretações por pesquisadores. Ao que parece, provém da Espanha, originado de zaranda (instrumento para peneirar farinha), que evoluiu da palavra árabe çarand.

Sua origem é portuguesa, que consistia numa dança de roda infantil. No Brasil, é dançada por pessoas de todas as idades, podendo ser encontrada tanto no litoral como na Zona da Mata Norte. As suas cantigas são o resultado de muitas influências (lusitana, espanhola, francesa, ameríndia e africana).

No princípio, as apresentações ocorriam em locais populares como praias, terrenos de bodegas e armazéns, pontas de rua, e seus participantes eram basicamente trabalhadores rurais, pescadores, operários de construção, biscateiros, entre outros. Trata-se de uma dança simples e comunitária, de caráter espontâneo e que não exige nenhuma faixa etária, parâmetros cenográficos e vestimentas especiais.

Tradicionalmente, no centro da roda posiciona-se o mestre, o contramestre e os músicos. O instrumental da ciranda é composto por ganzá, bombo e caixa, porém, alguns grupos podem utilizar triângulo, pandeiro, sanfona e metais (instrumentos de sopro). Com a ajuda de um apito que carrega pendurado no pescoço, o (a) mestre (a) cirandeiro (a) inicia os versos, marcados quase sempre pelo improviso.

Os passos da dança não são definitivos: a onda, o sacudidinho, o machucadinho, entre outros que surgem com a criatividade do povo... As pessoas vão chegando e tomando as mãos dos que estão na roda, seguindo assim o bailado circular, ritmado pela batida percussiva, fazendo passos para dentro e para fora, semelhantes às ondas do mar. É realizada geralmente à noite e a céu aberto, quase sempre às sextas-feiras, aos sábados e aos domingos de verão e em outras épocas do ano quando as chuvas permitem.

No Recife, dança-se ciranda o ano inteiro. Na Casa da Cultura, no Marco Zero, na Praça do Arsenal, no Pátio de São Pedro e nas centenas de polinhos espalhados pela cidade durante o ciclo junino é comum encontrar rodas de ciranda.