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Afoxé

           A palavra afoxé remonta ao final do século XIX e constitui um termo polissêmico, a exemplo de outros tantos usados nesse período para designar folguedos ligados às práticas culturais negras no Brasil, como batuques, sambas e maracatus. Segundo alguns estudiosos, a palavra é de origem sudanesa áfohsheih e aparece em virtude da influência do povo sudanês sobre os bantus, utilizada para nomear nações e grupos administrados por governador negro.

           Imbuído de um caráter religioso e de manutenção de valores, o afoxé é uma expressão artístico-religiosa ligada às nações africanas. Geralmente é conduzido por um Babalorixá ou Ialorixá, e suas sedes funcionam no interior dos terreiros de Candomblé. A ligação dos grupos com a religião também se traduz nas cores que levam às ruas, que fazem referência aos Orixás.

           Em Pernambuco, o primeiro afoxé foi o Ilé de África, nascido no Recife em fins dos anos 1970, como uma proposta de resistência social, política e cultural. Mas é em meados dos anos 1980, que vários militantes do Movimento Negro Unificado vão às ruas com o Afoxé Alafin Oyó. Contudo, se nos anos 1980 não existia mais do que uma dezena de grupos, hoje são mais de trinta Afoxés.

           Na rua, a organização de um afoxé é caracterizada pela figura do bandeirista, que abre o cortejo e apresenta a bandeira da nação; uma criança conduz o babalotin (símbolo sagrado do afoxé, também podendo ser carregado por uma mulher grávida); o corpo de bailarinos, ricamente ornamentados com panos-da-costa, fios de conta e torso nas cores do orixá patrono; a diretoria; e a sua percussão, composta por agbê's (cabaça envolvida por uma rede confeccionada com fios de conta), atabaques (run, rumpis e lê) e agogôs. Alguns grupos trazem pessoas representando os orixás.

           As músicas cantadas pelos grupos mesclam palavras em iorubá e em português, retratando aspectos religiosos e a origem étnica das diferentes nações.