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Maracatu Nação / Baque Virado

           Os grupos de Maracatu Nação também conhecidos pelo nome de Maracatu de Baque Virado têm origem nas coroações de rainhas e reis negros denominados Reis do Congo. Sob a proteção das Irmandades de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, promovem-se as coroações como forma de subordinação, administração e controle dos escravos.

           Os rituais de coroação das Nações Africanas eram realizados durante os festejos em homenagem a Nossa Senhora do Rosário (mês de outubro) quando, após a cerimônia, os integrantes do cortejo, vestidos em trajes de gala, percorriam as ruas da cidade. Com a abolição da escravatura, o desfile dos cortejos desliga-se das comemorações litúrgicas da Igreja Católica e passa a integrar os festejos carnavalescos.

           No formato de uma autêntica nação, os grupos de maracatu apresentam-se ao público como uma corte ricamente trajada com sedas, veludos, bordados e pedrarias. À frente do cortejo vem o Porta-Estandarte; em seguida a Dama-do-Paço, pessoa que conduz a calunga (ícone consagrado, detentor do axé do maracatu). Continuando o préstito, surgem as Damas de Frente, as Baianas de cordão ou Catirinas, as Baianas Ricas. Têm-se ainda imperatriz e imperador; duque e duquesa; conde e condessa; marquês e marquesa; cônsul e consulesa; embaixador e embaixatriz; príncipe e princesa; lampiões, soldados romanos e vassalos. A figura do caboclo "arreia mar" ou caboclo de pena representa a sabedoria dos povos indígenas e a proteção dos espíritos das florestas. O cortejo encerra-se com a chegada do rei e da rainha, que desfilam protegidos por um grande guarda-sol colorido (pálio), carregado por um escravo (pajem).

           Assim como nas outras agremiações, cada maracatu tem uma batida ou baque próprio. O instrumental do brinquedo, composto de tarol, caixa de guerra, mineiro, agbê, gonguê e alfaias (tambores confeccionados com madeira), também varia em número e tipo, e é comandado pelo Mestre de Apito.

           Fortemente ligadas às religiões de matriz africana, em especial, o Candomblé, as Nações mais "tradicionais" encontram nos símbolos, cânticos, danças, indumentárias e adereços estreitas relações com os orixás e outras entidades. É uma manifestação artística de modelo europeu e espírito africano, num movimento de luta, resistência e preservação das práticas culturais afro-brasileiras.