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BLOCO

Originados dos bairros centrais do Recife nos anos 1920, os blocos, também chamados Blocos Líricos ou Blocos de Pau e Corda, têm na sua formação inicial certa similitude com os ranchos carnavalescos do Rio de Janeiro, surgidos no final do século XIX.

É importante destacar ainda a sua semelhança com os grupos de pastoril (dança de origem ibérica que faz parte das manifestações culturais do ciclo natalino na nossa região). Explica-se aí a própria formação do Bloco, com o coral feminino à frente acompanhado por uma orquestra de pau e corda composta por instrumentos como banjo, violão, cavaquinho, bandolim, pandeiro, instrumentos de percussão, entre outros.

De acordo com o pesquisador Leonardo Dantas Silva, o aparecimento dos blocos vai tornar possível "às moças e senhoras da chamada pequena burguesia [...] saírem às ruas, mas protegidas por um cordão de isolamento, envolvendo todo o grupo e separando-o da multidão, sob a severa vigilância de pais, maridos, irmãos, genros e amigos".

Nesse percurso, observa-se que os blocos nascem, sob o signo da ordem e com o apoio de intelectuais e da polícia, como contrapontos ao carnaval dito "perigoso" dos clubes pedestres e maracatus formados pela classe trabalhadora, em geral afro-descendentes, considerados responsáveis pela criminalidade, desordem na folia e não adequados à imagem civilizada que a nascente República tentava construir para o país.

Diferentemente da maioria das agremiações carnavalescas que tem o estandarte como abre-alas, no Bloco, o desfile é aberto pelo flabelo - alegoria de mão que traz o nome, a data de fundação e o símbolo da agremiação. Após o flabelo, segue a diretoria, as damas de frente, destaques, cordões, coral feminino e orquestra de pau e corda.

Das manifestações que compõem o Carnaval do Recife, nenhuma supera o romantismo e lirismo de blocos com seus corais e orquestras de pau e corda a entoar canções que evocam os antigos carnavais e prestam homenagens a ícones da cultura pernambucana.