LUIZ MARINHO - O HOMENAGEADO

O VII Festival Recife do Teatro Nacional presta homenagens a Luiz Marinho ao corresponder a importância de sua obra para Pernambuco e para o Brasil, reafirmando o Recife como um importante pólo de criação e produção teatrais. O dramaturgo pernambucano Luiz Marinho Falcão Filho nasceu no dia 8 de maio de 1926, em Timbaúba. Faleceu no Recife, em 3 de fevereiro de 2002. Traduziu em sua obra o universo cultural e social nordestino. Contemporâneo de uma geração de grandes artistas, seu trabalho foi reconhecido ao longo da vida.

Nas 14 peças escritas por Luiz Marinho - A promessa, Viva o cordão encarnado, A derradeira ceia, A incelença, Um sábado em trinta, A afilhada de Nossa senhora da Conceição, A valsa do diabo, A estrada, Foi um dia, A família Ratoplan, As aventuras do capitão Flúor, O último trem para os igarapés, Corpo corpóreo e As três graças, encontramos um pouco das suas memórias. Sua dramaturgia foi construída a partir de um universo de crendices, violeiros, vaqueiros, cegos de feira, cangaceiros e outros tipos locais. Muito embora tenha sido reconhecido como um autor regionalista, ele acreditava que sua obra transcendia a esta categorização: "Apenas procuro defender e valorizar o que amo. Que viva o teatro maior, de todas as regiões e pátrias".

Sua primeira peça, Um sábado em trinta, foi vista por milhares de pessoas, no Recife, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outras capitais do país, alcançando êxito incomum no teatro brasileiro. Antes da estréia, recebeu em 1963, dois importantes prêmios: um no concurso da União Brasileira de Escritores, secção Pernambuco; outro no concurso da Escola de Belas Artes, da Universidade do Recife. Outra premiação significativa deu-se em 1974, quando Luiz Marinho foi contemplado com o prêmio Molière, de melhor autor, pela obra Viva o cordão encarnado, dirigida por Luiz Mendonça, no Rio de Janeiro.

Luiz Marinho: um teatro feito de memórias
Anco Márcio Tenório Vieira*

Luiz Marinho Falcão Filho veio ao mundo em 8 de maio de 1926, em Timbaúba, cidade da Mata Norte de Pernambuco, e faleceu no Recife, em 3 de fevereiro de 2002. Assim como tantos de sua geração, que nasceram sob a influência da literatura regionalista de 30 (Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado, Érico Veríssimo...), Marinho também traduziu em sua obra (iniciada em 1960) o universo social e cultural da sua região, matéria-prima permanente do seu texto dramatúrgico. No entanto, toda essa matéria-prima foi trabalhada pelo amálgama da memória. E essas memórias em forma de teatro lhe deram, entre outros prêmios: o Molière, o da Academia Brasileira de Letras, o da Academia Pernambucana de Letras e o Estaduais de Teatro (do então Estado da Guanabara). Deram-lhe mais: o permanente reconhecimento de todos aqueles que um dia sentaram, enquanto platéia, num teatro - do Recife ou de outra cidade qualquer do Brasil - para assistir, aplaudir, rir, chorar e se emocionar com alguns dos seus textos.

Nas quatorze peças escritas por Marinho - A promessa, Viva o cordão encarnado, A derradeira ceia, A incelença, Um sábado em 30, A afilhada de Nossa Senhora da Conceição, A valsa do diabo, A estrada, Foi um dia, A família Ratoplan, As aventuras do capitão Flúor, O último trem para os igarapés, Corpo corpóreo e As três graças -, vamos encontrar, com maior ou menor ênfase, um pouco das suas memórias. Memórias que tantas vezes ele, Luiz Marinho, prometeu contar um dia em livro. Lembranças que, no seu texto teatral, se manifestam ora como doces ou amargas recordações, ora como recriações de histórias ou estórias ouvidas e aprendidas na infância ou adolescência, ou também como confissões pessoais - seja durante a sua rica infância em Timbaúba, seja no adulto que viveu, depois dos 17 anos, no Recife. Memórias que, se nunca chegaram a ser firmadas em livro, foram, em parte, traduzidas para o seu teatro. Memórias ficcionalizadas, entenda-se bem, pois sua dramaturgia encerra um conjunto de lembranças - domésticas, sociais, políticas, afetivas, culturais e religiosas - que ao tempo em que foram diluídas em quatorze textos, são também costuradas e entrelaçadas por um delicado fio: o do olhar de um Luiz Marinho adulto sobre a criança e o jovem que um dia fora; um Marinho solipcista que busca dar sentido à sua existencialidade e, por sua vez, a todo o universo que o cerca e que o viu nascer, crescer, tornar-se maduro, envelhecer e caminhar para a morte.

* Autor do livro Luiz Marinho: um sábado que não entardece


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