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Direito à memória e à verdade

A memória é um bem público de suma importância para a construção da identidade social e cultural de um povo. Ao garantirmos o direito à memória e à verdade, fortalecemos a identidade social do nosso povo e a consolidação da democracia. O recente período da ditadura (1964 -1985) precisa ser estudado, conhecido, bem como reveladas as suas vítimas para que a sociedade brasileira cresça em respeito diga definitivamente um não a qualquer tipo de regime autoritário.

Padre Antônio Henrique foi uma das vítimas do período ditatorial que nosso país vivenciou. Assassinado em maio de 1969, padre Henrique era auxiliar direto do arcebispo Dom Hélder Câmara, tendo sido ambos autores de reiteradas e contundentes denúncias sobre os métodos de repressão utilizados pelo governo militar.

Em 1968, celebrou missa em memória do estudante Edson Luiz Lima Souto, uma das primeiras vítimas da ditadura no Brasil. Recebia constantes ameaças de morte por parte do chamado Comando de Caça aos Comunistas (CCC), sendo, por duas ocasiões, a Igreja das Fronteiras metralhada e pichada com ofensas pelo CCC.

No inquérito aberto no Tribunal de Justiça de Pernambuco para apurar as circunstâncias de sua morte foram acusados como responsáveis pelo seqüestro, tortura e morte Rogério Matos do Nascimento, o delegado Bartolomeu Gibson, o investigador de polícia Cícero Albuquerque, o tenente José Ferreira dos Anjos, da PM, Pedro Jorge Bezerra Leite, José Caldas Tavares e Michel Maurice Och.

Segundo o desembargador Agamenon Duarte de Lima, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, "Há provas da participação do CCC no assassinato do Padre Henrique, mas é possível que também esteja implicado no episódio o Serviço Secreto dos Estados Unidos, a CIA". Mesmo assim, o inquérito foi arquivado e nenhum dos acusados sofreu condenação.

Estabelecer a verdade sobre as violações do passado (tortura, execuções sumárias, discriminação, violência policial, abuso de poder) é fundamental para que também sejam estabelecidas a verdade e a justiça sobre as violações do presente e, sobretudo, para que aprendamos a gerar as condições necessárias em busca da construção de uma cultura de paz.