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X FESTIVAL DE DANÇA DO RECIFE

Apresentação

O X Festival de Dança do Recife, promovido pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura, que acontece de 19 a 23 de outubro, apresenta três grandes novidades neste ano: ampliação de espaços cênicos, bolsa de pesquisa para coreógrafos locais e seminário que aprofundará o tema dança.

A décima edição do evento, que tem como tema Tradição e Contemporaneidade, democratiza o acesso do público à boa dança, disponibilizando ingressos a preços populares (R$ 5 nos teatros Santa Isabel, Apolo, Hermilo Borba Filho e R$ 1 no Barreto Júnior e Parque) e levando criações de grande qualidade a espaços livres como Pátio do Carmo, Pátio de São Pedro, Mercado da Encruzilhada, Mercado da Madalena, Praça do Arsenal e Estação Recife do Metrô.

Durante cinco dias, o público recifense vai poder conferir 23 espetáculos que juntos contabilizam 25 horas e 03 minutos do melhor da dança nacional e internacional. Ao todo, serão 14 montagens pernambucanas, sete nacionais (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Piauí, São Paulo e Goiás) e dois internacionais (França e Argentina). Entre os destaques brasileiros estão as encenações Só tinha de ser com você, do grupo goiano Quasar, e Tempo de Verão, da Márcia Milhazes Cia de Dança, ambos concorrendo ao prêmio Bravo de Dança 2005.

Bate-papo - O Festival de Dança do Recife também promove encontros entre bailarinos, coreógrafos e produtores com Wagner Carvalho, idealizador e diretor artístico do Move Berlim - 2º Festival de Dança Contemporânea Brasileira, e Sônia Sobral, coordenadora dos projetos Red Sudamericana de Danza e Rumos Itaú Cultural. O bate-papo acontece no mezanino do Centro Apolo-Hermilo no próximo dia 22, às 10h.


RECIFE ANTENADO COM O MUNDO

Nesta décima edição do Festival de Dança do Recife, estamos cada vez mais antenados com o que há de melhor na dança brasileira e internacional. Tudo dentro do tema Tradição e Contemporaneidade.

Alain Buffard, presente na programação deste ano, é uma espécie de revelação da dança francesa dos últimos anos. O seu espetáculo Good Boy, apresentado no Brasil no Panaroma Rioarte e na Bienal de Dança de Fortaleza, chega ao Recife. Há um apelo grande na montagem à Não Dança, uma vertente que tem bastante força na dança européia. Acredito ser a oportunidade para refletirmos para a dança feita no Recife. Há a Não Dança? Parece-me que o trabalho de alguns jovens criadores de Recife, como Saulo Uchôa e Kleber Lourenço que vai apresentar o solo Jandira no festival, aponta para isso.

O grupo argentino Contenido Bruto, que encena Kevental, vai no sentido de fazermos um investimento na dança latino-americana e mais especificamente sul-americana, uma vez que nada sabemos ainda sobre a dança que se faz no nosso próprio continente. Parece-me que esta companhia é o que há de melhor nos últimos anos na Argentina. Em abril, estando em Buenos Aires,ouvi de curadores do festival local que o trabalho do grupo vem crescendo a cada ano.

Quanto às produções nacionais, a goiana Quasar traz uma novidade: o espetáculo Só tinha de ser com você. Coreografias, embaladas pelo lirismo e sofisticação do disco Tom e Elis, gravado em 1974, levará ao palco a magia da união da dança com a MPB.

O grande boom, porém, é realmente Márcia Milhazes com seu espetáculo recém estreado, Tempo de Verão, que todos afirmam ser um deslumbre. Bom, foi o Festival de Recife que apresentou o talento dessa coreógrafa para a capital pernambucana e agora mostra a sua mais nova peça com cenários de Beatriz Milhazes, irmã e uma das artistas plásticas nacionais mais internacionais.Tive a oportunidade de conferir trabalhos dela até em museus na Dinamarca.

Temos ainda a Stacatto com o coreógrafo Paulo Caldas a deleitar os olhos do espectador com as nuances do corpo em movimento na montagem Coreografismos. Neste caso, temos um bom exemplo do sentido oposto da Não Dança. Quanto ao tema do festival, temos dois trabalhos nacionais extremamente importantes: Vitória Régia, de Lina do Carmo, que, do ponto de vista estético, aborda o assunto de forma extremamente contemporânea através da visão de uma artista brasileira e nordestina que está desterrada, pois mora na Alemanha há muitos anos. Vejo na montagem a visão de uma pessoa híbrida entre o nacional e o estrangeiro. Há tiques tipicamente europeus, mas feitos por uma brasileira.

Outro destaque é o trabalho de Wagner Schwartz com o seu Transobjeto que também traz a tona toda essa discussão, mas a partir de correntes e propostas estéticas presentes no nosso imaginário tupiniquim: o tropicalismo, a antropofagia. As duas criações estão ligadas a vertente da Não Dança assim como faz Alain Buffard. Entre as criações locais temos três trabalhos que abordam o tema muito bem: Espiral Brinquedo Meu de Hélder Vasconcelos, ex-Mestre Ambrósio, espetáculo simples, sincero e poético; Brincadeira de Mulato do Grupo Grial de Dança, apontado como um dos melhores da companhia, e o já consagradíssmo Zambo do Grupo Experimental de Dança, esse realmente um marco na dança contemporânea em Pernambuco, tanto que mais uma vez será apresentado no Recife.

Além das qualidades da programação, é importante ressaltar as duas grandes conquistas deste festival: Bolsa Projeto Criador - Agente Transformador, que promoverá formação a coreógrafos da cidade, e os seminários que pela primeira vez aprofundarão a discussão no campo da dança, reunindo especialistas como Jomard Muniz de Britto, Roberto Motta, Roberta Ramos, Abel Menezes, Charles Feitosa e Roberto Pereira.

Adriana Farias
Coordenadora Geral do Festival de Dança do Recife
BOLSA PROJETO CRIADOR - AGENTE TRANSFORMADOR

Com o objetivo de promover a formação profissional dos grupos de dança locais, a Prefeitura do Recife inova, este ano, ao criar a Bolsa Projeto Criador - Agente Transformador. Trata-se de duas bolsas no valor de R$ 12 mil cada que serão concedidas a dois coréografos. Durante um ano, os selecionados pesquisarão um tema, previamente escolhido, participarão de cursos com profissionais especializados e realizarão a montagem de um espetáculo que será apresentado no Festival de Dança do Recife 2006.

A idéia principal é promover uma continuidade no processo de pesquisa de bailarinos e coreógrafos após o festival. A curadoria do evento selecionou três grupos para concorrer à bolsa: Galante, Cia Forrobodó de Dança Tradicional e o Balé Deveras. A seleção dos vencedores será feita através de uma carta de intenção apresentando o tema a ser trabalhado e justificando a necessidade de um aprofundamento artístico, a participação e interesse de cada um nas atividades do X Festival de Dança e, finalmente, uma entrevista com os curadores do evento. O resultado será divulgado no próximo dia 23 no encerramento do festival.
CURADORIA

A Curadoria do X Festival de Dança do Recife, formada por Maria Eduarda Gusmão, Marília Rameh, Theresa Rocha e Vavá Paulino, seguindo da sugestão da Coordenação Geral do Festival, trabalhou o tema Tradição e Contemporaneidade elaborando cinco perguntas:

1- Este festival está interessado em ser um festival de quê?
2- Por que e em que o conceito de contemporaneidade nos interessa?
3- O que entendemos por tradição?
4- Há passagem ou continuidade possíveis da tradição à contemporaneidade?
5- Como diferenciamos a dança popular (que leva este sobrenome) da dança? Que política está implícita nestas dominações? Que sobrenome está implícito na falta de sobrenome para a dança (artística, erudita)?

A grande questão da curadoria foi aprofundar a diferença desta passagem da dança não cênica à dança cênica. Para trabalhar o tema, a curadoria dividiu a produção em três campos de atuação: tradição, tradição em trânsito e dança contemporânea (investigação de linguagem).

A proposta foi trazer à tona a discussão do popular e do contemporâneo na atualidade sem deixar de lado o caráter de mostra e intercâmbio que o festival possui. Os critérios para a seleção dos trabalhos foram excelência, coerência da proposta, qualidade e sintonia com a linha temática. Ainda se levou em consideração os aspectos do Multiculturalismo, Tropicalismo, Movimento Armorial, Movimento Mangue, Antropofagia e diferenças entre Folclore versus Cultura Popular.

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