I. A DINÂMICA SOCIAL DO RECIFE

1. Distribuição espacial da população

Os resultados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 revelam que, nesse intervalo censitário, a população passou de 1.298.229 habitantes para 1.422.905 habitantes, tendo assim um acréscimo de 124.676 habitantes.

Em termos de distribuição espacial, esse acréscimo populacional acompanhou os dois modelos de ocupação iniciados, sobretudo, a partir da década de 60: o extensivo e o intensivo. O primeiro caracteriza-se por uma ocupação que estende o território urbanizado, ultrapassa os limites do município, ocasionando a conurbação com núcleos urbanos dos municípios limítrofes. Como o território urbanizável do Recife já está bastante ocupado, pode-se afirmar que essa ocupação extensiva, significou a quase saturação dessas áreas periféricas, sobretudo pela insuficiente oferta de infra-estruturas e serviços urbanos. O segundo caracteriza-se pela habitação coletiva de maior densidade (verticalização), através da substituição de antigas estruturas horizontalizadas e de remembramentos de terrenos. E, ainda, pelo adensamento e ocupação intensiva em assentamentos populares.

Entre os Censos 1991 e 2000, observa-se que bairros periféricos como Ibura, Cohab (quase 20 mil novos habitantes), Barro, Sancho, Curado, Várzea, Caxangá, Sítio dos Pintos, Guabiraba, Caçote, e Macaxeira, apresentaram as maiores taxas de crescimento demográfico (MAPA 1). Entre as áreas que mais cresceram, destacam-se também áreas centrais onde a favelização também acarreta maiores adensamentos, como se observa no pequeno assentamento no bairro do Recife (Comunidade do Pilar).

A ocupação intensiva está presente em grande parte da cidade. Porém, é importante observar que os bairros onde a população mais cresceu não foram, necessariamente os mais densos, o que, provavelmente, indica uma saturação desses últimos (MAPA 2).

Assim, bairros com densidades muito elevadas, como Água Fria, Alto José Bonifácio e Alto Santa Terezinha, registraram, no período 1991/20001, perda de população. Ressalte-se que as densidades mais elevadas concentram-se nos morros da zona norte, na zona oeste (Coqueiral, Sancho, Totó e Barro), estendendo-se para o sul (Cohab), encontrando-se, também, densidades elevadas nas áreas pobres espalhadas por toda a cidade. É o caso de Brasília Teimosa (292,78 hab/ha) e Mangueira (290,15 hab/ha).

Em relação às áreas ocupadas pelas classes média e alta, chama atenção o intenso processo de adensamento construtivo e verticalização, responsável pelo elevado crescimento demográfico dos bairros do Espinheiro e da Jaqueira e, também, pela densidade populacional dos bairros de Boa Viagem, Espinheiro, Graças, Torre e Madalena.

2. Distribuição espacial dos rendimentos dos chefes de domicílio

As áreas que vêm apresentando crescimento populacional mais acentuado destacam-se por concentrar, fortemente, famílias cujos responsáveis, em sua maioria, não têm renda ou recebem até dois salários mínimos. Salientam-se a Comunidade do Pilar, Guabiraba e partes da Várzea, Cohab e Caçote, com mais de 75% dos chefes de família nessa situação. A periferia, particularmente nas áreas de morro, e outras áreas da cidade também se enquadram nessa situação (MAPA 3). Não é de se estranhar que os piores indicadores correspondam às áreas pobres do Recife que se espalham por todo o território do município, localizando-se muitas delas em bairros predominantemente ocupados pelas classes média e alta. Não há, portanto, zonas residenciais exclusivas de classes altas e médias.

As áreas que concentram as maiores rendas, acima de 10 salários mínimos, situam-se na orla, em Boa Viagem, na Torre e Madalena e no conjunto de bairros da margem esquerda do Rio Capibaribe (MAPA 4).

3. Acessibilidade aos serviços de educação e saúde

A pobreza está diretamente relacionada às carências sociais, sendo causa e efeito ao mesmo tempo. Assim, assume-se e comprova-se que as áreas mais pobres da cidade em termos de renda são, também, as mais carentes, apresentando maiores demandas por equipamentos e serviços sociais, bem como por infra-estruturas urbanas.

No que se refere particularmente à educação, para dimensionar a demanda foram considerados: (i) a população a partir de três faixas etárias, (ii) o grau de instrução da população pelas mesmas faixas etárias, (iii) o grau de instrução dos responsáveis pelos domicílios e (iv) o número de escolas públicas.

O Recife tem 118 mil crianças na faixa de 0 até 4 anos de idade. Superpondo a distribuição espacial dessa faixa com pais pobres e analfabetos (MAPA 5), constata-se que as áreas a norte (principalmente os morros); a leste (Várzea e o Curado); a sul (especialmente a área de morros) e alguns bairros a oeste (Recife e Santo Amaro), necessitam de intervenções do poder público no sentido de ofertar equipamentos para essa faixa da população.

A distribuição espacial das creches municipais pode ser visualizada mediante o MAPA 6. Observa-se que, nas áreas de maior concentração de crianças de 0 a 4 anos (MAPA 7), onde a demanda por esse tipo de equipamento é grande, existem poucas creches.

O Recife possui um contingente populacional de 254 mil crianças e adolescentes entre 5 a 14 anos Relacionando-se espacialmente o grau de instrução dos pais, sua renda e o grau de instrução dos filhos, na faixa de 5 a 14 anos (MAPA 8), constata-se que os morros da zona norte, parte da zona oeste (Várzea), parte dos morros da zona sul e as localidades pobres do Centro Expandido (Pilar, Ilha Joana Bezerra, Coelhos), detêm a maior precariedade em termos de possibilidades de acesso à educação.

O Recife possui um contingente populacional de 258 mil jovens e adolescentes entre 15 e 24 anos. Enquanto as crianças e adolescentes encontram-se mais concentrados em grandes manchas na periferia, os jovens apresentam-se dispersos no território.

No que se refere à revisão do Plano Diretor, é importante estabelecer uma relação entre a localização dos equipamentos escolares, isto é, oferta de escolas e nível de renda da população-alvo, de modo a saber onde localizar, preferencialmente, os novos espaços escolares.

Quanto à saúde, é fortemente associada à qualidade ambiental. A precariedade ambiental em diversas partes da cidade é fruto da deficiência do saneamento básico, associado aos baixos rendimentos e graus de instrução da população.

Como se pode constatar no MAPA 9, as áreas de alto e médio risco para as principais doenças de veiculação hídrica, zoonoses e transmitidas por vetores, correspondem a uma grande porção do território, em especial ao baixo estuário e outras áreas alagáveis da planície, como também às localidades com precária condição sócioeconômica. As comunidades, às margens dos cursos d´água, com habitações improvisadas e palafitas, correm alto risco. Essa realidade indica a necessidade de campanhas educativas e ações visando a melhoria da infra-estrutura básica.

I
A DINÂMICA SOCIAL DO RECIFE


II
A DINÂMICA FISICO-TERRITORIAL


III
IDENTIDADE URBANÍSTICA


IV
GESTÃO

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