O clima no sertão é seco e quente. Quando a estiagem se prolonga, a lama do barreiro
racha, os animais viram ossos e o pote seca, é que o sertanejo arriba como as aves que voam em busca de
esperança em uma cacimba distante. Vendo isso, o mandacaru faz sua prece para que a chuva volte.
Com a volta da chuva, o mandacaru flora e a caatinga se transforma da noite para o dia.
O cinza claro da seca espinhosa reveste-se da úmida folhagem verde escuro. Os retirantes invertem suas pegadas
e marcam o retorno na lama, batem a ferrugem das enxadas e voltam a plantar. As enchentes são comuns e provocam
muitos estragos no campo e na cidade, mesmo assim, o sertanejo inicia os agradecimentos a São José, o padroeiro
da chuva, através de missas e procissões, nas quais depositam a esperança de uma boa colheita no São João,
comemorado com fogueiras e a festa do milho.
São José do Belmonte
O Sertão de Pernambuco é subdividido em vários sertões, que apesar de estarem na mesma
região têm suas particularidades geográficas e culturais. Ao passar por Arcoverde, a Porteira do Sertão,
vê-se à margem da estrada os facheiros coroando o Sertão do Moxotó, microrregião quente e seca, onde a
resistência do bode destaca uma economia pastoril. Em seguida o Sertão do Pajeú, de Zé Dantas e dos poetas
repentistas, é um sertão profundamente marcado pelo seu Rio Pajeú, que antes de despejar no Rio São Francisco,
sustenta várias cidades e povoados. O Vale do São Francisco é um oásis no Sertão, reconhecido em todo o mundo
pela qualidade e quantidade de suas frutas irrigadas, que são exportadas para vários países. Acima, o médio
sertão de Salgueiro e o Araripe mantêm vivas as tradições da Civilização do Couro, como criação extensiva de
gado, uma respeitada manufatura de produtos feitos do couro e plantações de subsistência.
Serra Talhada
No meio do sertão, ergue-se a Chapada do Araripe, entre os estados de Pernambuco, Ceará e
Piauí. Ao sopé da Chapada, um brejo fértil forra a antiga morada dos Ançus, o povo que habitou a região e seu
domínio estendia-se até o alto da Chapada. É de sua encosta que nasce o Rio Brígida e escorre por baixios
pernambucanos até desaguar no Rio São Francisco. Foi nesse lugar, no meio do Sertão, em Exu, no pé da serra,
que começou a história de Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião.
