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Vaqueiro José Neto

O Vaqueiro é um homem rústico, corajoso e forte como a baraúna, é o trabalhador da caatinga, que vive a enfrentar os seus perigos para cuidar do gado.

Sua lida diária é intensa, montado a cavalo patrulha a fazenda certificando-se da segurança do gado solto, em terrenos extensos, arrebanhando-o aos currais para a contagem e marcação com ferro quente, que leva a marca do fazendeiro.

No período da seca, o vaqueiro tange o gado em longas viagens à procura de água para saciar a sede do rebanho. Quando a seca aperta, ele enfrenta os espinhos de xiquexiques e mandacarus, corta o caule, queima para amolecer os espinhos e serve aos animais.

Para enfrentar o perigo entre os espinhos e pontas de paus da caatinga, o vaqueiro veste o gibão, sua armadura. O gibão é uma roupa feita de couro cru e curtido, que seca ao sol. O processo de curtir o couro é primitivo, deixando a cor de ferrugem e um forte cheiro característico.

O gibão não é só a proteção, ele também carrega consigo uma simbologia muito forte. Para os vaqueiros com mais essência, é motivo orgulho. A indumentária do vaqueiro é composta de guarda-peito, luvas, perneiras, alpercatas ou botinas, chapéu e gibão – o casacão de couro que também dá nome a todo o traje.

O aboio é o canto que caracteriza o vaqueiro, quando abóia para conduzir o gado, transmitindo seus sentimentos, cantando em versos pelas festas de gado, seu universo lúdico e trágico, remetendo-nos ao cântico saudoso dos mouros.

Dois tipos de festas quebram a rotina do vaqueiro: a religiosa e a profana. A missa de padroeiro e a missa-de-vaqueiro, acompanhadas por cavalgada e procissão demonstram um profundo caráter religioso desses heróis anônimos. Já as festas profanas, são marcadas pelos folguedos, competições de montarias como cavalgadas, cavalhadas, vaquejadas e pegas-de-bois.

Encourado e com muita fé, o vaqueiro, legítimo herói do sertão, mitificado pelas batalhas na caatinga, conduz sua vida. Nos momentos de calma, abóia pelos tabuleiros o gosto de campear.

Raimundo Jacó era natural do Exu e primo legítimo de Luiz Gonzaga. Apesar da pouca idade, sua inteligência e coragem lhe renderam a experiência que foi reconhecida pelo proprietário do Sítio Lajes, em Serrita, que lhe deu o emprego de vaqueiro, em sua grande fazenda.

Jacó se destacou através de feitos que despertaram a admiração de muitos e a inveja de outros. Entre os invejosos está Miguel Lopes, com quem passou a ter uma rixa.

Narra a lenda que, o dono da fazenda ordenou que Jacó e Miguel Lopes fossem pegar na caatinga uma rês, arisca e estimada, que se afastou do rebanho, a data era 08 de julho de 1954.

Ao fim do dia Miguel Lopes volta à sede da fazenda, sozinho, sem comentar sobre Jacó e a rês. Os outros vaqueiros preocupados, no dia seguinte saíram à procura de Raimundo Jacó e em meio a caatinga encontraram-no morto, ao lado da rês ainda amarrada e o seu fiel cachorro latindo, sem sair de perto. Uma pedra manchada de sangue denunciava a covardia do assassinato.

Miguel Lopes foi incriminado, abriu-se um processo, mas foi arquivado por falta de prova e o crime ficou sem solução, caindo no esquecimento.

Tomando conhecimento disso, Luiz Gonzaga protestou com A Morte do Vaqueiro.