Para divulgar e fomentar o debate sobre uma passagem nebulosa da recente história do país, a ditadura militar, a Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã, realizou na noite desta sexta-feira (14), no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – Mamam (Rua da Aurora, nº 265, Boa Vista), o lançamento de dois livros que versam sobre o tema: Virgílio Gomes da Silva - De Retirante a Guerrilheiro, dos autores Edileuza Pimenta e Edson Teixeira e Resistência Atrás das Grades, de Maurice Politi.

Além do lançamento dos livros, houve ainda a exibição do documentário “Hercules 56”, do diretor Silvio Dá-Rin, que conta a história da luta armada contra o regime militar e enfoca o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, ocorrido em 1969. Em seguida ao documentário, foi aberta uma mesa redonda com as presenças da secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã, Amparo Araújo; do consultor da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República e editor das duas publicações, Ivan Seixas, do vereador de Olinda, Marcelo Santa Cruz, e participação do público. “Estamos vivendo numa democracia hoje porque houve essa resistência no período da ditadura, e é direito humano ter memória disso”, afirmou Amparo Araújo.

Ivan Seixas veio ao Recife para o lançamento dos livros e ficará na cidade até o dia 22 deste mês, para acompanhar as discussões sobre a Lei 9.140/1995, que trata do reconhecimento do estado brasileiro de que, durante o Período do governo militar prendeu, torturou e matou sob tortura brasileiros, apenas por pensarem diferente ao regime. O editor das publicações destacou a importância do lançamento. “É importante dar conhecimento desses autores, que são comprometidos com essas lutas e que têm a preocupação com a história do Brasil”, comentou. O próprio Ivan Seixas viveu de perto o terror do regime, foi preso e perdeu o pai, morto pelos militares.

O livro Virgílio Gomes da Silva - De Retirante a Guerrilheiro, resgata a história do camponês do Rio Grande do Norte, que passa por todas as agruras do sertanejo e vai para São Paulo tentar a vida. No sudeste, ele descobre as lutas políticas da classe operária, quando passa a trabalhar como operário da indústria química. A militância política no Partido Comunista o leva a participar da dissidência provocada com o golpe de 1964, da fundação da ALN (Ação Libertadora Nacional) e à luta armada. Como comandante militar da ALN, liderou a ação do sequestro do embaixador americano Charles Burk Elbrick, em 1969. Foi capturado, morto sob torturas, foi considerado desaparecido e a confirmação de sua morte só aconteceu no ano passado. Muito mais do que um militante político, o livro revela o marido exemplar, o pai carinhoso e homem sensível.

Em Resistência Atrás das Grades é contada a história da greve de fome de 34 dias, realizada em 1972 pelos presos políticos de São Paulo, é contada por um de seus participantes, através de um diário da greve, escrito na enfermaria da penitenciária. Revela documentos inéditos e mostra o empenho da ditadura em destruir a organização e a resistência dos presos. Mostra também a participação e as contradições dentro da Igreja Católica no apoio ao movimento grevista, além do envolvimento de figuras como o Cardeal Paulo Evaristo. O livro serve como reflexão sobre a luta contra a ditadura e a importância da resistência dos presos políticos na redemocratização.

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