O comitê já existe em 23 estados do país

Por Anne Benevides

Representantes da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife participaram, na manhã desta terça-feira (23), no Centro Cultural Rossini Alves, na Boa Vista, do lançamento do Comitê de Memória, Verdade e Justiça. A leitura do manifesto Memória, Verdade e Justiça marcou o início da solenidade, que também contou com o testemunho de ex-presos políticos e de parentes de mortos e desaparecidos na Ditadura. O filme “Os 30 Anos da Anistia”, produzido pela Comissão de Anistia foi exibido.

O evento tem como objetivo discutir e reformular o projeto de lei 7376/2010, que cria a Comissão Nacional da Verdade. Dentre as reivindicações do comitê, estão: abertura dos arquivos secretos das Forças Armadas; apuração das circunstâncias e responsabilidades pelas torturas, assassinatos, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres; defesa da memória dos lutadores e lutadoras da resistência à ditadura militar; uma Comissão da Verdade Soberana e Cumprimento da sentença da Corte Internacional de Direitos Humanos sobre a Guerrilha do Araguaia.

O Comitê Memória, Verdade e Justiça já existe em 23 estados do país. A secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife, Amparo Araujo, ressaltou a importância da instalação do comitê. “É importante que uma comissão seja criada, para que a sociedade civil pressione o Congresso Nacional a atender as exigências das vítimas da Ditadura”, apontou.

Na ocasião, o Procurador Geral do Estado, Agnaldo Fenelon, relembrou a época da Ditadura. “Foi um momento muito triste para a sociedade, mas vejo que a luta dos movimentos estudantis não foi em vão. Abraçamos a causa dos ex-presos políticos e dos anônimos oprimidos. A luta não pode parar”, concluiu.

Compuseram a mesa de abertura Agnaldo Fenelon (Procurador Geral de Justiça do Ministério Público), Amparo Araújo (Secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife), Westei Conde (Promotor de Justiça do Estado) Marcelo Cruz (Coordenador do Centro Dom Helder Câmara), Agacis Almeida (Procurador de Justiça), Ivan Seixas (Representante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos), Sílvia Montarroios (Representante da Anistia Internacional), Antônio Campos (Presidente da Associação Pernambucana de Anistiados), Manoel Moraes (Representante da Gajop), Bento Gomes (Representante da Comissão de Direitos Humanos da Alepe), Jurandir Bezerra (filho do líder popular Gregório Bezerra), Yuri Pires (Vice-Presidente da UNE), Sthefane Vilela (Presidente da União dos Estudantes Secundaristas de PE) e Clodomir Moraes (ex-preso político).

Dando continuidade às atividades, a Câmara dos Vereadores da Cidade do Recife promove, nesta quarta-feira (24), às 16h, um grande expediente em homenagem aos 32 anos de Anistia no Brasil. Na quinta-feira (25), a partir das 9h, haverá a apresentação da palestra “Os 30 Anos de Anistia e a Justiça de Transição”, na Faculdade Mauricio de Nassau. A ação é voltada para alunos do curso de Direito da instituição, mas será aberta ao público em geral. Também na quinta (25), às 14h, placas em homenagem a mortos e desaparecidos políticos serão descerradas em locais de memória. Entre eles, o comandante da Ação Libertadora Nacional (ALN), Luiz José da Cunha, conhecido como o Comandante Crioulo. Ele será lembrado na Escola Estadual Beberibe, onde foi estudante secundarista.

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