Neste fim de semana, o Recife se transformou na capital regional de um curioso esporte que, ao longo dos anos, vem ganhando adeptos de todo o mundo e, principalmente, do Brasil: o parkour. Desde sexta-feira (02), a Cidade foi a sede do 3º Encontro Regional de Parkour, que se encerrou neste domingo (04), no Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães, o Geraldão, na Imbiribeira. O evento contou com o apoio da Prefeitura do Recife e reuniu 150 praticantes do esporte de toda a região Nordeste, com o objetivo de promover e incentivar a cultura e a interação de pessoas de todas as idades em torno do esporte.
 
O parkour é uma atividade de origem francesa cujo princípio é deslocar-se de um ponto a outro de forma mais rápida e eficiente possível. “O objetivo do parkour é transpor obstáculos usando as habilidades do próprio corpo, buscando uma facilidade de locomoção”, conceitua o presidente da Associação Pernambucana de Parkour e Freerunning, Adilson Verón. No parkour, o ambiente urbano é, ao mesmo tempo, o cenário e o próprio objeto de desenvolvimento da prática. Escalar paredes, pular muros ou grades e outros “obstáculos” que compõem o nosso cenário cotidiano são práticas normais para os adeptos do parkour, que se utilizam de nada mais do que o próprio corpo para alcançar objetivos que vão além do mero exercício físico. “Além de ser um exercício aeróbico, queimando calorias e fortalecendo a sua área cardiovascular, o parkour ajuda o seu praticante a ter uma visão lógica diferenciada e uma confiança e auto-estima mais elevada, pois ele se verá capaz de realizar coisas que antes ele nem imaginava”, completa Verón.

A programação do 3º Encontro Regional de Parkour teve início na última sexta-feira (02), onde os praticantes realizaram um percurso pelo Recife, que foi do Segundo Jardim de Boa Viagem até a Rua da Aurora e retornando até o Parque Dona Lindu. No sábado (03), participaram de treinamento físico, no Núcleo de Educação Física da UFPE e de treinamento livre, no Ibura. No seu encerramento, neste domingo, foi realizado, durante todo o dia, um workshop com o atleta Zico Correia (SP), tido como uma grande referência no parkour.
 
Durante a oficina, Zico explorou técnicas básicas que são aplicadas dentro das movimentações realizadas por quem pratica o parkour, como impulsionar o corpo ou amortecer eventuais impactos, por exemplo. Para Zico, a palavra chave do parkour é “evolução”. Explorar ao máximo as habilidades do corpo, focando em três princípios básicos: força, equilíbrio e criatividade. “Dispor de elementos que lhe propiciem uma boa corrida, um bom salto e um bom equilíbrio, que são movimentos úteis para qualquer um, são essenciais. Em cima disso, é importante ser criativo com essas coisas básicas, criando seu próprio caminho a partir do que se deseja, em que se quer evoluir, seja na dança, na luta, no salto”, explicou Zico.
 
Durante o encerramento, os praticantes aproveitaram bastante o wokshop e colocaram em prática o que vem aprendendo ao longo do tempo e com as novas lições de Zico Correia. Para o tatuador Leonardo Filgueiras, 33 anos, o parkour tem lhe despertado uma nova forma de perceber o seu próprio corpo e suas possibilidades. “O que me chamou a atenção foi a liberdade que há na prática do parkour. E eu descobri que, apesar da minha idade, eu me sinto cada vez mais jovem e mais capaz a cada exercício e tenho ficado impressionado comigo mesmo”, falou Leonardo.
 
E apesar de ser um universo predominantemente masculino (estima-se que cerca de 70% dos praticantes são do sexo masculino), o parkour também conta com a participação das mulheres. É o caso da advogada e professora de Educação Física Carla Rodrigues, natural de São Paulo (SP), mas residente em Salvador (BA). Há dois meses ela vem se dedicando à prática do parkour, e, apesar da timidez inicial, ela viu no esporte a possibilidade de auto-aperfeiçoamento e encarou o desafio. “Pra mim, o importante é essa questão de enfrentar os próprios limites. E é muito bacana sentir essa adrenalina que rola aqui, durante a prática. Se todos soubessem o quanto é prazeroso e o quanto o parkour traz de benefícios imediatos pro corpo e pra mente, muita mais gente faria”, disse Carla. “Às vezes, eu até fico meio sem graça com os meninos, porque ainda estou começando, mas eu já percebi que eles não têm nenhum preconceito e procuram sempre ajudar as meninas quando rola alguma dificuldade”, completou.

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