ESCOLA DE FREVO ESTRÉIA NOVO ESPETÁCULO NO SANTA ISABEL
A premiada Companhia de Dança da Escola Municipal de Frevo Maestro Fernando Borges, da Prefeitura do Recife, estréia, nesta terça-feira, dia 1 de julho, seu mais novo espetáculo O Avesso do Passo, durante abertura da VI Mostra Brasileira de Dança, no Teatro de Santa Isabel. Trata-se de mais uma homenagem aos mais de cem anos do Frevo, passeando por suas várias idades e facetas por meio de um roteiro que mescla dança, teatro e música.
O espetáculo também coroa o projeto 100 anos do Frevo, idealizado pela Prefeitura desde 2006, que já colocou em prática mais de 30 projetos e ações no sentido de preservar e difundir o ritmo, sob coordenação da secretária de Gestão Estratégica e Comunicação, Lygia Falcão. “Avesso do Passo é a soma da nossa ousadia e paixão pelo frevo, do desejo e trabalho coletivo da gestão e ainda da decisão política do prefeito João Paulo em investir na formação e no talento das meninas e meninos da Escola de Frevo. Célia Meira, maestro Forró e equipe transformaram isso tudo num lindo espetáculo que nos enche de orgulho”, revela Lygia.
A apresentação engloba diversas manifestações artísticas, desde o maxixe, batuques e dobrados, até o frevo-de-rua, frevo-canção e frevo-de-bloco, como também faz alusão à capoeira, procissões, encontros de Clubes, foliões e seus passos e acrobacias. No palco, 20 bailarinos da Companhia de Dança da Escola de Frevo e dois convidados. A direção e coreografia são de Célia Meira, cenografia e figurino de Marcondes Lima e direção musical do maestro Forró (Orquestra Popular da Bomba do Hemetério). O espetáculo é carregado de antagonismos e reflexões, a começar pelo título “Avesso do Passo”, onde os elementos de cena e coreografia sugerem ao público diversas interpretações do ritmo que ultrapassam sua sazonalidade momesca. A proposta é difundir a essência do Frevo – ao mesmo tempo, inovadora e tradicional, experimental, e clássica, emotiva e energética – despertando na platéia a universalidade de sua cultura.
A idéia é mostrar outros lados, evidenciar aspectos pouco percebidos. Célia Meira optou por usar o humor, considerando a faixa etária do grupo, de 16 a 23 anos, que entra suavizando o conteúdo da informação. “O que me norteou foi um convite à experiência estética, à fruição do espetáculo através dos sentidos, sem me prender a nenhum conceito ou linguagem determinada, ficando à vontade para experimentar, mesclar, buscar elementos de outras linguagens artísticas , trocando figurinhas com as artes visuais, com os bailarinos, etc”, explica Célia.
O trabalho do maestro Forró está baseado em quatro pilares de sustentação: pesquisa, manutenção, releitura e interação do frevo com variadas linguagens do Brasil e do mundo. “Ao mesmo tempo, tudo é muito velho e muito novo. É uma mistura de linguagens. Às vezes, precisamos nos colocar ao avesso para percebermos o óbvio”, diz Forró. Marcondes Lima trabalhou com elementos básicos como as cores das bandeiras do Recife e de Pernambuco. As roupas dos passistas foram revistas, redimensionadas no sentido de ser mais do que apenas o traje tradicional associado ao frevo. Os figurinos trazem principalmente a cronologia do frevo, mesmo que diluídas em pitadas quase alegóricas. “Como cenógrafo e figurinista, procurei seguir o caminho conceitual proposto pela direção do espetáculo: viajar pelas idades do frevo, mesclar o ontem e o hoje, transmutar em artigo de luxo o que um dia já foi considerado “lixo”, mostrar a grandiosidade do pequeno, do aparentemente subalterno”, declara Marcondes.
Espetáculo - O espetáculo está dividido em cinco partes: Abertura; Das Correntes à Sombrinha, Ingredientes do Caldeirão e Temperos Contemporâneos; Final ou Outros Temperos e Avessos. A Abertura tem dois momentos: começa com uma caxinguelada, que mostra o primeiro avesso, o elenco se preparando nos bastidores. Depois os caxinguelês anunciam o espetáculo com uma cena de platéia. A cena seguinte, das correntes à sombrinha, é como um sumário ou resumo de um livro, que mostra vários aspectos da trajetória do passo no tempo. Uma busca e um (re) encontro do passista de hoje com personagens que lhe antecederam. Em Ingredientes do Caldeirão, com humor e criatividade são mostradas várias faces do contexto sócio-cultural de onde surgiu o frevo: a procissão, a parada militar, o maxixe, a valsa, o turundundum, e o nascimento do frevo, através do primeiro frevo Sorriso; e o passo seguindo seu caminho. Para terminar paralelos entre o universo do circo e o passista, a habilidade do passista e do jogador de futebol, fechando com a transformação do elenco nos naipes da orquestra, dançando a melodia, a harmonia e voltando a ser passista. Além da dança, o elenco se arrisca no teatro e no canto, ampliando limites e passos, em sua trajetória artística.
Depois das estréias, o espetáculo entra em temporada no mês de setembro, no Teatro do Parque.