Workshops com temas transdiciplinares congregaram designers, arquitetos, estilistas, grafiteiros, artistas visuais, jornalistas e estudantes

Desde o dia 8 de novembro, o Revela Design vem realizando atividades formativas com inscrição gratuita para públicos interessados em dialogar acerca das Cidades Criativas, tema que norteou o conceito e a programação do evento na sua quinta edição. O evento, que encerra hoje, está sendo realizado pelo Centro de Design do Recife, em parceria com a Gerência de Serviços de Design (GOAVD), ambas da Fundação de Cultura Cidade do Recife - FCCR / Secretaria de Cultura do Recife.

O Revela ofereceu cinco workshops com temas transdiciplinares abertos a públicos com interesses diversos. Inscreveram-se designers, arquitetos, estilistas, grafiteiros, artistas visuais, jornalistas e estudantes. Ontem (10), acontecerem os últimos encontros de três workshops que estavam acontecendo no Centro de Design do Recife e na Escola Oi Kabum, que continuaram durante todo o dia de hoje: o workshop Grafite Cidadão – Revolução para a Educação, com o designer paulistano Ricardo Tatoo no bairro do Coque.

BAUHAUS - Terminou na tarde da última quarta-feira (10), na Escola Oi Kabum! o workshop “Racionalidade e Design Moderno: da Bauhaus à Atualidade”, ministrado por Pedro Luiz Pereira de Souza (RJ), designer e professor de Desenvolvimento de Projeto de Produto da ESDI- Escola Superior de Desenho Industrial desde 1973. Desde segunda-feira (08), foram debatidas ideias da Escola Bauhaus contextualizando-as ao longo da história, detendo-se no método criado pela Escola para a eliminação de todos os elementos que não tivessem real função no projeto, como aponta a clássica expressão: a forma segue a função.

O produtor cultural Bráulio Felix Marcelino foi aluno do workshop e contou que vem participando de várias capacitações oferecidas pelo Centro de Design e por outros projetos realizados pela FCCR a fim de melhorar sua capacidade de redação de projetos. Formado em Geografia e Turismo, Bráulio sintetizou o método: “Corta tudo! É isso que a Bauhaus ensina. Corta tudo o que não tem uma aplicação prática”. O método para a solução de problemas criado pela Escola alemã vem sendo aplicado desde o início do século XX para a concepção de projetos nas áreas de design, arquitetura e planejamento urbano.

SUSTENTABILIDADE - Também na última quarta-feira, encerrou-se o workshop “Princípios do Vestir Consciente”, oferecido por Ana Cândida Zanesco (SP). Discutir sobre a aplicação de noções de sustentabilidade nas cidades criativas, com ênfase na moda foi o mote para as atividades propostas pela convidada paulista, que também proferiu uma palestra na noite de terça-feira (09).

Durante o workshop, os alunos dialogaram longamente sobre a importância de optar por cadeias produtivas mais transparentes, com parceiros que utilizem fontes mais limpas de energia, recursos renováveis e produtores orgânicos. A proposta de produto final para a oficina foram projetos que olhassem para o passado, tendo em vista os desafios do futuro para, então, formular alternativas para o presente.

Andréa Monteiro, estilista especializada em projetos para teatro e cinema, cursou a oficina e falou sobre a experiência. “Eu estou num processo de recomeço e ela me deu um norte. Eu já fazia tudo isso, tinha cuidado com a escolha da cadeia produtiva de cada projeto, cuidava das roupas, reciclava peças, mas sem a consciência. Fez-me repensar minha vida. Minha vida é isso: tecidos, roupas...”, reflete Andréa.

Nos resultados dos projetos desenhados pelos alunos, observa-se fortemente a ideia de versatilidade, propondo-se vários usos para peças de vestuário e adereços. A desmaterialização dos manuais de uso também marcou os projetos, que optaram por intensificar o uso dos recursos da internet. Os resultados são reflexo também da palestra “O Vestir Consciente na cidade criativa”, também proferida pela educadora. Ela explicou que sustentabilidade é olhar todo o ciclo de vida do produto. “Mais de 50% dos danos causados ao meio ambiente acontecem durante o uso das roupas, entre lavar, secar e passar. Sustentabilidade está na moda, mas não é apenas uma tendência. É conseqüência de uma forte mudança social”, pontua Zanesco.

CRÍTICA - A interdisciplinaridade se mostra também no workshop “O Recife não é só Praia: uma oficina rápida sobre Crítica de Arquitetura”, pelo designer português Frederico Duarte. A proposta da atividade era desenvolver crítica à Arquitetura e ao Design em interface com a Cidade em diversos suportes: Fotografia, reportagem, entrevista, vídeo etc. A atividade foi realizada no auditório do Centro de Design do Recife.

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