“Tenho uma conhecida que vai trabalhar e deixa uma criança de nove anos cuidando de outras duas mais novas, sozinhas em casa. Enquanto isso, o pai delas fica dormindo e, eventualmente, consegue um ‘bico´”. Esse foi o relato da mãe de um estudante, que preferiu não se identificar, da Escola San Martin, durante a palestra sobre Violência contra a Criança e o Adolescente, que aconteceu na manhã desta quarta-feira (10), na própria instituição. A ação foi promovida pela Prefeitura do Recife, por meio da Gerência da Criança e do Adolescente, vinculada à Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã.

Para alguns a situação citada não representa risco algum, mas, segundo a assistente de serviços da Gerência, Marcela Figueira, o caso merece atenção e, se o Conselho Tutelar identificar os pais, eles podem até perder a guarda dos filhos. “O simples fato de permitir que a criança tome sorvetes e gelo quando está doente é uma atitude negligente, imagine uma situação como essa. Diferente do que as pessoas pensam a violência não é apenas bater, mas, a omissão, é tão grave quanto”, diz Figueira. Solicitado pela própria escola, o objetivo do evento foi começar um trabalho constante de sensibilização da comunidade, bem como dar dicas de formas para identificar, evitar e agir em casos de agressões. “Queremos estabelecer debates para conscientizar as pessoas e evitar situações que começam lá fora e acabam vindo pra cá. Pretendemos contribuir com a reflexão aproximando pais possam do meio acadêmico e, através dele, oferecer mais qualidade de vida aos meninos”, explica a diretora da instituição, Marly Leandro Moraes de Lima.

Durante a palestra, ainda foi discutida a violência doméstica, bem comum na classe média baixa, mas, por medo de denunciar, é menos conhecida que a violência sexual e o trabalho infantil, muito presente no Nordeste, especialmente nas regiões de canaviais e lixões. “No Brasil só é permitido trabalhar a partir dos 16 anos, e alguns serviços específicos. Aos 14, a criança só pode participar de programas de menores aprendizes e, com menos idade, nem isso”, alerta a assistente. Um dos assuntos mais falados e solicitados por Marcela Figueira foi a importância de denunciar os casos para o Disk Denúncia Contra Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, através do número 100. “Sabemos que existe o medo de represália, porque geralmente os casos são dentro de casa, ou, se for um conhecido acham que é coisa de família e não querem se meter. Mas as pessoas precisam ter consciência de que elas não serão identificadas. Então, liguem. Com essa atitude você pode estar salvando vidas”, pede Marcela.

Quem assistiu aprovou a iniciativa e as informações passadas. “O tema da palestra é muito importante porque foram faladas sobre situações evidentes e que a comunidade precisa conhecer. Percebo que os alunos muitas vezes vêm com atitudes erradas e grosseiras, como se fossem vividas em casa e, em alguns casos, com sinais de agressões físicas”, opina o professor da escola, Emmanuel Rodrigues Pereira.

A discussão sobre o assunto continua, nesta quinta (11), às 15h, para pais, responsáveis e professores e a última no dia 18, às 19h, os participantes do programa Escola de Jovens e Adultos (EJA).


Telefones úteis:

- Gerência da Criança e do Adolescente
3232 8563

- Disque Denuncia Contra Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
100

CONSELHOS TUTELARES DO RECIFE


RPA - 01
Rua Gervásio Pires, 829, Boa Vista. Fone: 3421 33 80.

RPA – 02
Rua Inácio Galvão dos Santos, 309, Encruzilhada.
Fones: 32410237 / 3242 7184

RPA – 03
Rua Conselheiro Pereti, 218, Casa Amarela.
Fone: 3267 2419

RPA – 04
Rua João Ivo da Silva, 144, Madalena.
Fone: 3227 2771 / 3232 7310

RPA – 05
Rua José Natalino, 190, Areias.
Fone: 3232 2568

RPA – 06 – A
Rua Olívio Minelau, 06 – Imbiribeira.
Fone: 3302 8320

RPA – 06 – B
Av. Dois Rios, 1289 – Ibura de Baixo.
Fones: 3232 3494 / 3232 3495.

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