O Programa Multicultural da Prefeitura do Recife realizou nesta quinta-feira (04) o Seminário Memória e Mudança Social no Forte das Cinco Pontas. O encontro teve como objetivo ampliar o debate sobre a importância do trabalho com a memória para a promoção de mudanças na sociedade. O evento contou com a participação de Sarah Faleiros, que compartilhou as experiências do Museu da Pessoa (SP) e da rede Brasil Memória em Movimento (BMR), de Eduardo Pinheiro do Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural Casa do Carnaval (PE) e de Guitinho da Xambá, representando o Ação Griô.

Quem abriu o evento foi o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Fernando Duarte. Ele destacou a importância da memória como resistência de um povo e como política. Grande parte da memória da periferia e da cidade como um todo é oral. A partir do momento em que se produz documentos, fundamentados em pesquisa, a cidade está resistindo com sua cultura, seu modo de viver e de pensar, destacou. Duarte falou ainda da ampliação que deve-se fazer com o trabalho de resgate de memória aliado à pesquisas científicas por meio de universidades e institutos. Precisamos fazer uma interação maior com a ciência, disse.

A experiência do projeto Memória em Movimento nos Bairros do Recife será relatada na tarde desta quinta, com a apresentação do projeto-piloto, implantado este ano no bairro da Iputinga. Durante todo o dia o material produzido pelo Centro de Memória da Iputinga estará exposto no pátio do Museu da Cidade do Recife. São fotos, fanzines, vídeo e programa de rádio. Às 17h, será lançada a revista Memória em Movimento nos Bairros do Recife - A experiência do Projeto-piloto na Iputinga.

Projeto – A idéia do projeto Memória em Movimento nos Bairros do Recife surgiu quando nos demos conta que precisávamos fazer algum trabalho em relação à memória. A memória é um fator de resistência, a memória me diferencia, a memória gera identidade, a memória me caracteriza, declara Fernando Duarte, presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife.

O projeto tem o objetivo de contribuir para melhoria da qualidade de vida da população, colaborando com os moradores no conhecimento, apropriação, divulgação e valorização das suas histórias e dos seus bairros. Nosso principal objetivo é 'mexer' com as pessoas, ressalta Amara Cunha, coordenadora do Programa Multicultural.

Durante a implantação da experiência piloto no bairro da Iputinga, foi formado um grupo de agentes de memória que trabalham voluntariamente nas ações do Centro de Memória da Iputinga. Eles produzem o fanzine Encontro com a Memória da Iputinga, além de vídeos, fotografias e gravações em áudio sobre a história do bairro e seus moradores. Todo o material é exibido em mostras realizadas frequentemente nas ruas, praças e escolas da Iputinga.

Esse trabalho constitui um processo de elevação da auto-estima que proporciona uma harmonia individual e coletiva, criando uma identificação dos moradores com o lugar que vivem. Estar no bairro deixa de ser um problema e passa a ser uma virtude, conta Cristiano Duarte, 21 anos, agente de memória da Iputinga. A idéia do Programa Multicultural é, a partir da experiência na Iputinga, levar o projeto para outros bairros.

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