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Cultura

IRMÃOS SENEGALESES SÃO DESTAQUE NA TERÇA NEGRA

O Pátio de São Pedro teve o privilégio de receber, na noite desta terça-feira (19), o trio de irmãos senegaleses Cheikh Guissé (composição, canto e guitarra), Djiby Guissé (composição, canto e guitarra) e Aliou Guissé (percussão e canto), que apresentaram as canções do seu novo CD, intitulado “Yakaar”. A programação da Terça Negra, também contou com as bandas Homem Elétrico, Mira Negra e Reggai por Nós.

Como acontece todas as terças do mês de maio, a Terça Negra presta homenagem a Bob Marley abrindo espaço para bandas de reggae locais, numa parceira entre o Movimento Negro Unificado (MNU) e a Prefeitura do Recife. Desta vez, o evento abriu exceção para receber o trio senegalês, que tocou em Pernambuco pela primeira vez em fevereiro do ano passado nos festivais Rec Beat e Garanhuns Jazz e voltam à cidade com o apoio da TV Viva e da Prefeitura.

Articulados pela embaixada do Brasil no Senegal, o grupo estava desenvolvendo uma oficina no Ceará para crianças carentes, através do projeto Raízes e resolveu visitar a cidade. Ao longo do dia eles cumpriram uma agenda de visitas a instituições ligadas à cultura e religiões de origem africana (mesmo sendo eles mulçumanos, como 94% da população senegalesa), culminando com o show do Pátio de São Pedro. “Nós nos identificamos com as pessoas do Recife, principalmente com a população negra”, revelou Djiby.

Originários do Fouta, ao norte do Senegal, o grupo canta em várias línguas, como wolof (língua falada na África Ocidental, no Senegal, em Gâmbia e na Mauritânia, sendo a língua nativa do grupo étnico Wolof da qual fazem parte e representa 23% dos senegaleses) e também o francês. Com as vozes, a percussão e os violões bastante ritmados, os irmãos Guissé elaboram um discurso que transcende a questão de raça. Através de uma musicalidade refinada, o trio consegue mesclar cantos tradicionais da cultura senegalesa a uma linguagem universal, como explica Djiby. Nossa música não tem cor, nem idade, ela é a música de todos os homens e de todas as raças. Como um rio, seu destino não é o de retornar à nascente, mas desembocar no oceano do mundo”.

Além do talento para a música, o grupo também é bastante engajado na questão social, atentos a todos os tipos de problemas que afetam o povo senegalês e africano de modo geral. Em 2007, os Irmãos Guissé associaram-se à Oscip brasileira Imagem da Vida, coordenada pela fotógrafa Dirce Carrion, e à Embaixada do Brasil no Senegal, no âmbito do projeto Olhares Cruzados, voltado à interação entre crianças do Brasil, da África e de outros países da diáspora africana.

Projeto Terça Negra – Bob Marley é o grande homenageado do mês de maio, que tem a cada terça-feira uma programação dedicada ao reggae, ritmo jamaicano bastante difundido na cidade. Segundo Demir, militante do MNU e um dos organizadores do tributo, o objetivo é dar espaço para as bandas de reggae locais. “O Recife é a maior capital do Reggae do Nordeste, com 55 bandas. Esse é o espaço para elas mostrarem seus trabalhos”, afirmou.

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