Noite de quarta-feira, Parque 13 de Maio. Debaixo da lona armada para receber a 4ª Mostra de Circo do Recife, o público batia palmas ansioso para o início do espetáculo. Chico da Burra, Mestre de Cerimônia, não tardou a dar início ao espetáculo, que arregimentou crianças, adultos e idosos ao redor do picadeiro do evento realizado pela Secretaria de Cultura, através da Gerência de Circo da Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR). Nos bastidores, Dona Marluce, viúva do Palhaço Cascudo - homenageado da mostra em 2009 - com olhos marejados, mal podia conter a emoção: “Só eu sei o que estou sentindo. É muito importante para nós, a família, recebermos este homenagem para ele. Quem é de circo sabe como é difícil receber reconhecimento.” – desculpava-se mesmo sem necessidade.

Lá fora, sob as luzes do picadeiro, Chico da Burra brincava com o público e chamava os artistas que se apresentaram na primeira metade da programação de abertura: Messias, o equilibrista deixou todos aflitos com suas peripécias na corda bamba. Logo depois, o Palhaço Ferrugem arrancou risadas da platéia, seguido de Alex, o Trapezista Maluco. O Palhaço Muriçoca não deu folga para mau-humor e em um número que tinha Dona Marluce como parceira, a dupla deixou todos boquiabertos, tal a destreza apresentada pela senhora. Sim, todos os artistas são da família de Francisco Chagas da Costa, nome de batismo de Cascudo.

Depois das apresentações da família Chagas, chegou a hora da homenagem. O diretor de Desenvolvimento e Descentralização Cultural, Dida Maia, entregou à Dona Marluce uma placa onde a Prefeitura do Recife referenda e relembra o trabalho e o legado daquele que além de dono de circo e artista circense, formou gerações no ofício principalmente na técnica de perna de pau. “Temos muito orgulho de prestar esta homenagem, pois o circo é uma expressão cultural milenar, que deve ser preservada e prestigiada e por isso sempre terá lugar na nossa Cidade” – colocou.

O gerente de Circo da FCCR e coordenador geral da mostra, Gilberto Trindade, fez questão de agradecer à equipe e a todos os artistas de circo que fazem a alegria do público. “O objetivo da mostra é justamente este: dar visibilidade à arte circense local. Mas tudo isso sem cair no assistencialismo, trabalhando com a dignidade da classe circense na cidade. É por isso que somos referência no tratamento da arte circense no Brasil” – acrescentou.

Quantos braços você tem? – Logo depois da homenagem, o picadeiro recebeu a Trupe Brilho de La Calle, que com os holofotes apagados, fez um verdadeiro balé de luzes que giravam, rodavam, subiam e desciam como se tivessem vida própria. Em certos momentos, a quantidade e a velocidade de bastões e esferas fluorescentes manipulados por um só malabarista era tamanha, que levava a pensar que mais de duas mãos comandavam as piruetas. Um número de acrobacia aérea em tecido também fascinou o público, que impressionado, olhava para as alturas, onde a única mulher da trupe se enrolava e desenrolava como se voasse. Por fim, malabaristas cuspidores de fogo literalmente esquentaram a platéia, que deixou a lona a contragosto, querendo ver mais.

A 4ª Mostra de Circo do Recife acontece até o próximo dia 13 (domingo), apresentando, ao todo, 17 espetáculos, entre artistas tradicionais, escolas de circo, trupes, artistas independentes e bandas circenses. Toda a programação é gratuita e acontece em lona instalada no Parque 13 de Maio. (Veja programação abaixo)

Serviço:
4ª Mostra de Circo do Recife - Homenagem ao Palhaço Cascudo
De 09 a 13 de dezembro 2009
No Parque 13 de Maio, Santo Amaro

Programação

Dia 10 de dezembro
18h – Trupe Moleza e Gentileza
19h30 – Gran Londres Circo
20h30 – Circo Transamérica

Dia 11 de dezembro
18h – Circo Veneza
19h30 – Barcelona espetáculo tradicional
20h30 – Escola Pernambucana de Circo

Dia 12 de dezembro
18h – Circo Tropical
19h30 – Artistas Independentes
20h30 – Irmãos Santana

Dia 13 de dezembro
14h – Acquatrupe
15h30 – Irmãos Dantas
16h30 – Trupe Etnia
17h30 – Arricirco
19h30 – Circo Alacazam - Apresentação da Banda do Maestro Rivaldo

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