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Cultura

PROJETO DIÁLOGOS ENTRE ARTE E PÚBLICO COLOCA ACESSIBILIDADE CULTURAL EM PAUTA
17:36 Sexta-feira, 20 de Agosto de 2010

A plateia, repleta de pessoas com deficiência, pôde acompanhar as falas através de audiodescrição e de tradução em Libras

Por Eva Duarte

Infinitas são as possibilidades de reflexão acerca da acessibilidade à cultura. É disso que vem tratando o 5º Encontro Diálogos entre Arte e Público, que teve início nesta quinta-feira (19), no auditório do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam). Promovido pela Gerência de Serviços de Formação em Artes Visuais da Fundação de Cultura Cidade do Recife / Secretaria de Cultura, o evento conta com a parceria da Funarte.

A plateia, repleta de pessoas com deficiência, pôde acompanhar as falas através de audiodescrição e de tradução em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais). A audiodescrição foi realizada como uma tradução simultânea. Com fones de ouvido, um locutor descrevia para os cegos presentes no ambiente, o movimento das pessoas, e as imagens apresentadas pelos palestrantes, além da peça gráfica do evento. Apesar de não haver surdos presentes, a tradução em Libras foi gravada para a edição de um DVD e várias fileiras de cadeiras foram retiradas do local para melhor acomodar os cadeirantes.

No primeiro momento do Diálogos, foram convidados para compor a mesa “Acessibilidade Cultural: o que é acessível e para quem?” os professores João Vicente Ganzarolli, Luiz Santos e Maria Isabel Leite. A ideia desta roda de diálogo foi traçar um panorama geral das dificuldades enfrentadas pelos diversos públicos para ter acesso às também diversas formas de produção cultural em artes visuais. A conversa foi muito além de questões sobre a deficiência física, refletindo-se sobre como os espaços expositivos e os produtos culturais são de difícil acesso também às crianças, aos idosos, aos deficientes mentais.

Infância - Especificamente sobre a relação entre a criança e o museu, a professora Maria Isabel Leite trouxe a sua experiência como coordenadora do Museu da Infância, sediado na Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Para entendermos essa relação, ela contou um pouco da história da infância e das práticas pedagógicas antigas que persistem nos museus, tais como a proibição da aproximação da obra, do toque, da expressão plena do pensamento e do movimento. Diante disso, as crianças que não podem correr, não podem comer, não podem gritar, passam a achar o museu um lugar chato, desinteressante e vão passar essa sensação para seus filhos.

Como os pais e professores que não frequentam salas de exposições podem formar crianças para a apreciação dos museus? Esta foi a provocação trazida pela professora catarinense. Maria Isabel explica que a criança depende sempre de um mediador, um adulto, que vai levá-la até o museu. “Os museus precisam repensar seu papel, tratando as crianças como público não só possível como desejável.” acrescenta.

No trabalho com o Museu da Infância, foi desenvolvido um espaço museológico ideal. Lá, as crianças são convidadas a produzir objetos e cenários que ficam em exposição. “O museu é um lugar onde as crianças aprendem com as coisas e não somente sobre as coisas. Museus são lugares de encantamento. Aquilo que está no museu pertence à vida”, ensina Maria Isabel.

Experiências de vida - O comentário de João Vicente Ganzarolli parte de uma pergunta formulada pelo debatedor André Aquino: Por que a deficiência é um tema que te interessa? “Por que não me interessaria? Quando a deficiência acomete alguém de nossa família ou nos acomete, nos perguntamos ‘por que eu?’, quando deveríamos sempre nos perguntar ‘por que não eu?’”, provoca o professor, que já estudou diversos tipos de deficiência e as consequentes dificuldades de acesso aos bens culturais. Daí em diante, Ganzarolli levou o público a viajar por uma série de memórias de vida e de viagens a fim de ressaltar formas desiguais de encarar a deficiência e de promover o acesso ao que é direito de todos.

Encerrando a primeira noite do Diálogos, o fotógrafo e educador Luiz Santos iniciou sua fala assumindo um desejo maior de acessar determinados conteúdos do que de promover o acesso. Segundo ele, é a sua curiosidade, sua vontade de aprender que o leva a ensinar. Há dois anos desenvolve o projeto “Salões de Beleza” de arte/terapia para pacientes da saúde mental no Hospital da Tamarineira. Luiz falou sobre essa a experiência e apresentou o vídeo “Quantas cabeças cabem num espelho”, com imagens das oficinas realizadas quando o projeto se integrou às atividades durante o SPA das Artes do Recife do 2009. “Eu proponho que passemos a observar esse espaço não como de saúde mental, mas de produção cultural”, finaliza Luiz.

Continuidade - As atividades do 5º Encontro Diálogos entre Arte e Público continuam nesta sexta-feira com palestra do professor Francisco Lima, do Centro de Estudos Inclusivos da UFPE e a proposta de criação do Grupo de Trabalho Acessibilidade Cultural. A partir das 19h, haverá a mesa “Ações de Acessibilidade”, composta pelas paulistanas Viviane Sarraf (Museus Acessíveis – SP), Daina Leyton (Projeto Igual Diferente – MAM-SP) e pelo Projeto Fotolibras (PE).

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