Cerca de 850 alunos de 1º e 2º Ciclos da Rede Municipal de Ensino estiveram no Teatro Barreto Júnior, no bairro do Pina, nesta segunda (10) e terça-feira (11), para assistir ao musical infanto-juvenil “Historinhas de Dentro”. A atividade fez parte das comemorações que a Prefeitura do Recife promoveu em homenagem ao Dia do Estudante e também foi a culminância do Programa A Hora é Nossa, da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Recife.

Neste Dia do Estudante, a programação teatral oferecida aos alunos de 15 escolas da rede veio coroar um ciclo de intensa produção didática e educativa pelo qual os estudantes passaram desde o início do ano, com o Programa A Hora é Nossa, onde eles realizaram, juntamente com os professores, um trabalho de pesquisa na sua comunidade, para elaborar um Guia de Serviços e um Guia de Lazer do local onde vivem. “Isso estimula a questão autoral nos alunos, a pesquisa e a valorização do que eles dispõem na sua comunidade, além da apropriação do contexto na perspectiva da produção escrita”, explicou Cristiane Soares, gerente de 1º e 2º Ciclos de Aprendizagem.

O programa visa a fomentar a interação e a socialização das produções estudantis, colocando os jovens como principais sujeitos nesses processos. Essa experiência foi compartilhada entre os alunos que, antes da apresentação da peça, subiram ao palco para contar o processo de criação dos guias. Segundo o pequeno Lukas Samuel, de 9 anos, aluno da Escola Municipal Professor Simões Barbosa, “tinha gente que não tinha como saber das coisas que temos no nosso bairro. E aí fizemos um favor pra comunidade, fazendo panfletos falando sobre o trabalho das pessoas lá, e aí nossa professora colocou na internet pra todo mundo ver”, contou Lukas.

Logo após a socialização das experiências entre os alunos, eles ganharam de presente a belíssima apresentação do musical “Historinhas de Dentro”, que é encenado pelo grupo Teatral Quadro de Cena e conta a saga de Maria Clara (Clarinha). Filha de ex-artistas de circo, ela nasceu com um sopro no coração, mas sempre teve uma vida como a de qualquer criança normal, cercada de amor e carinho. Aos sete anos, na idade dos porquês, ela se indaga por que o seu coração não bate tão forte quanto o dos seus pais quando eles se aproximam.

Ao desejar estar dentro de si mesma, para entender esses questionamentos, ela sofre uma parada cardíaca e acaba fazendo uma viagem interior. Ela acaba descobrindo que dentro dela há um circo fantástico, repleto de órgãos excêntricos, como os Rins Palhaços, os Dragões Intestinos Chineses, o Estômago Cozinheiro Bufão, entre outros. “Esse espetáculo tem um caráter bem didático, e com uma perspectiva que vai além da peça, pois aborda assuntos que a professora pode, tranqüilamente, explorar posteriormente com os alunos, além de ser muito interativa”, disse Cristiane sobre a importância da narrativa do espetáculo para a reflexão dos alunos.

O autor e diretor do musical, Samuel Santos, falou sobre a temática do espetáculo e explicou como se dá a relação com o universo infantil. “Há algum tempo, nós já vimos pesquisando sobre a linguagem teatral infantil, que é muito difícil. Nós procuramos conhecer as especificidades da faixa etária para qual nós vamos nos apresentar, inclusive para as crianças dos dias de hoje, que são diferentes das dos anos 40, 50, pois elas querem saber sobre sexo, morte, doença. E podemos falar sobre esses temas pra criança, desde que saibamos tratar isso em palco”, explicou Samuel.

Após a apresentação, as crianças, atores e professores participaram de um debate sobre o musical.

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