Neste domingo (16), o Teatro de Santa Isabel foi marcado pelo encontro de linguagens artísticas. É que a abertura do Festival Recifense de Literatura A Letra e a Voz, que teve início às 17h, reuniu representantes das escolas clássicas e marginais, da música e das letras. Na cerimônia, que antecedeu o recital dos poetas juntamente com a Orquestra Sinfônica do Recife, os poetas e escritores homenageados, Cesar Leal e Fernando Monteiro, receberam as placas que assinalam a honraria das mãos do secretário de Cultura, Renato L, e da presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR), Luciana Félix.

“Espero que as idéias iluministas influenciem nossos artistas no combate ao obscurantismo e na busca pela democratização do conhecimento e da beleza”, disse o secretário de Cultura lembrando que o Festival A Letra e A Voz deste ano tem como tema o Ano da França no Brasil e conclamou os ideais da Revolução Francesa.

Cesar Leal, poeta, crítico e um dos homenageados do Festival, fez a platéia sorrir quando lembrou que tentara entrar para as forças armadas, mas foi considerado inapto fisicamente: “Fui inapto para o exercício bélico, mas a poesia sempre esteve impregnada em mim”, recordou. Já o escritor Fernando Monteiro, o outro homenageado do Festival, fez questão de aludir ao antigo epíteto do Recife – “cidade cruel com os seus”. “Recife, de uns anos para cá, recuperou-se abandonando a fama da maldade com que tratava seus poetas e artistas. Um evento como o Festival A Letra e A Voz demonstra como Recife está mais justa, mais amiga daqueles que busca, através da arte, dilatar a consciência e nos tornar mais humanos”, assinalou. Monteiro fez questão ainda, de parabenizar a Prefeitura do Recife pelo apoio que vem dando às mais variadas expressões e linguagens artísticas, numa prova de respeito e valorização da cultura.

Durante o evento o público também pôde conferir o talento de José Mário Rodrigues, que recitou um poema de César Leal, de Silvana Menezes, com um escrito de Fernando Monteiro e ainda Conrado Falbo, que declamou Rimbaud. Também estavam presentes ao evento o diretor de Desenvolvimento e Descentralização Cultural da PCR, Dida Maia, o presidente da União Brasileira dos Escritores e do Conselho Municipal de Cultura, Alexandre Santos, as representantes dos patrocinadores do Festival, Janaina Jatobá, pelo Instituto C&A e Magda Campos, pela Fundação Itaú Social.

Recital – A cerimônia de abertura certamente vai ficar na memória de quem esteve no Teatro de Santa Isabel. A Orquestra Sinfônica do Recife (OSR) sob a regência do maestro Osman Gioia, executou o concerto “Divertimento para Orquestra de Câmara de Jacques Ibert (Divertissement pour Orchestre de Chambre de Jacques Ibert), que foi entremeado com recital de poetas do Recife: Malungo, que recitou Insônia e Telescópio; Wellington de Melo, com composição que leva o seu próprio nome; Lara, recitando Canibal III, de sua autoria; além obras de Juarez Correia e Vladimir Maiakovski.

Também subiram ao palco Valmir Jordão, Júnior do Bode, que encantou a platéia com as imagens mentais geradas por “A chuva” e ainda Miró, que arrancou efusivos aplausos e “bravos” com sua interpretação dos poemas que falam de vivos, mortos e do roubo da bicicleta de Belinha. A OSR finalizou o evento com O Bolero de Ravel.

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