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Cultura

PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE: FREVO CONCORRE AO TÍTULO CONCEDIDO PELA UNESCO
00:00 Sexta-feira, 30 de Abril de 2010

A Prefeitura do Recife realizou, por meio da Secretaria de Cultura, na manhã desta sexta (30), a entrega do dossiê para a candidatura do Frevo ao título de Patrimônio da Humanidade. A documentação foi passada ao Iphan pelas mãos do secretário de Cultura, Renato L. “Esse trabalho foi feito com muito empenho e um amor desmedido por toda a equipe da secretaria, equipamentos culturais e, principalmente, pela sociedade que deseja perpetuar o passado riquíssimo e tornar ainda mais brilhante o futuro do ritmo”, afirmou Renato.

O documento consiste em um detalhado questionário sobre como o frevo se insere na sociedade, nos costumes e na história do Recife. Contém também publicações, fotos e vídeos sobre o ritmo, além de 28 mil assinaturas da população em favor do pleito. Esses dados servirão para demonstrar como o Frevo faz parte da vida do recifense. “O Frevo reflete a formação do Recife, mas sua beleza ultrapassa os limites do Brasil. O ritmo não é apenas de Pernambuco, mas de qualquer lugar onde o povo possa se manifestar espontaneamente”, reforça Carmem Lélis, uma das responsáveis pelo Programa de Salvaguarda do Frevo.

Através do dossiê, que será entregue pelo Iphan à Unesco no mês de maio, os avaliadores tomarão conhecimento da existência das muitas agremiações atuantes, assim como dos inúmeros atores culturais que fazem parte da cadeia de produção, como compositores, cantores, bailarinos, figurinistas, costureiras, aderecistas e escolas como a Maestro Fernando Borges, da PCR, que vivem o Frevo durante todo o ano e o mantém ativo na Cidade.

Descrição do Bem

O Frevo, manifestação artística da cultura pernambucana, desempenha importante papel na formação da música brasileira, sendo uma das suas raízes. A riqueza melódica, criatividade e originalidade proveniente da grande mescla com gêneros diversos, somadas à inventividade e capacidade criadora dos seus compositores, engrandecem e legitimam as múltiplas identidades, assim como a diversidade cultural do povo brasileiro.

Música urbana, que surge num momento de transição e efervescência social, expressa as necessidades de participação das camadas mais humildes, subverte e promove uma heterogeneidade rítmica, harmônica e melódica, identificada com os anseios das massas populares. Frevo-música, frevo-dança... Artes-irmãs, uma sugerindo a outra, é fácil dizer que a música veio da inspiração de compositores de música ligeira, mas a dança, o modo de fazer, o povo explica. Improvisada e de rua, liberta e vigorosa, criada e recriada a partir da frevura dos que a ela se entregam.

Denominada Passo, essa dança de jogo e braços e pernas, inventiva e popular, nos é apresentada, principalmente, como legado da capoeira – uma criação dos negros africanos no Brasil, nascida como instinto natural de preservação da vida e luta pela liberdade. Conforme Valdemar de Oliveira (1985, p. 61), “(...) Passo, no sentido puramente recifense, é o conjunto de passos que caracteriza o bailado solista, executado nas ruas carnavalescas do Recife, sob o estridor metálico de uma orquestra de frevo”.

Como na sua origem, o Frevo continua mutante e repleto de influências capazes de promover a releitura e explicitar a dinâmica cultural. Na música que reinventa; na poesia que canta o ontem e o hoje; na dança que improvisa e abre espaço para o novo, tudo transgride e ao mesmo tempo estabelece novas formas de participação.

Dessa maneira, acredita-se que a história do Frevo está registrada na memória coletiva do povo pernambucano, na vida sociocultural do Recife, na forma de organizar e no fazer da população, na festa, no cotidiano, nas intenções políticas e nos sentidos por elas atribuídos. Portanto, é vital salvaguardar este patrimônio.

O Frevo constitui um valor referencial para a cultura pernambucana e brasileira, pois congrega expressão e reação do povo, fazendo emergir a grande massa delirante do carnaval de rua. Como patrimônio imaterial, apresenta-se na forma de uma manifestação cultural musical, coreográfica e poética de caráter coletivo, embora não deixe de se expressar também em criações individuais encenadas a partir de suas bases. Como patrimônio cultural brasileiro, pode ser percebido a partir da sua dimensão de referencial identitário, não para um grupo, etnia ou classe, mas para todos. Em seus aspectos de resistência, historicamente luta de classe, hoje de mercado, evidencia-se a sua forma viva, expressa no cotidiano do povo.

Programa Integrado de Salvaguarda

As ações de valorização patrimonial, direcionadas à salvaguarda do Frevo, são pautadas em diálogos intensos realizados com a comunidade produtora (agremiações, grupos de dança, passistas, compositores, intérpretes), estudiosos, especialistas e população em geral. Tais propostas refletem as recomendações para a construção de um processo coletivo de preservação do patrimônio (o Frevo), socialmente responsável e institucionalmente compartilhado, assumindo a responsabilidade de acompanhar os possíveis desdobramentos e reflexos desses atos sobre o bem. Vale ressaltar, que essas ações ultrapassam as meras formas de registro e documentação, constituindo uma proteção mais ativa e compreensiva do processo de desenvolvimento do Frevo, especialmente entre as novas gerações, acerca da sua importância e salvaguarda.

O Plano Integrado de Salvaguarda do Frevo foi estruturado em cinco eixos centrais (Paço do Frevo; Documentação; Educação; Divulgação e Apoio às agremiações) e atende à necessidade de evidenciar o caráter dinâmico e o universo ampliado que envolve a produção e manutenção dessa forma de expressão. A Salvaguarda do Frevo, como de qualquer outro bem patrimonial, implica na ação articulada entre o poder público e a sociedade civil, no sentido de somar e dividir responsabilidades que, de forma conjunta, promovam a proteção e perpetuidade do bem.

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