A noite desta quinta-feira (29) abriu as comemorações pelo aniversário de corpo musical mantido pela PCR, que será comemorado durante todo o semestre

Por Ana Quitéria

Não poderia ser diferente. A primeira noite de festa em homenagem aos 80 anos da Orquestra Sinfônica do Recife foi marcada por um Teatro de Santa Isabel lotado por um público que não queria perder a oportunidade de conferir o que estava por vir. No palco, além da expertise dos músicos da OSR, já conhecida pelo público, o monumental talento do pianista Nelson Freire, reconhecido mundialmente como um dos maiores pianistas vivo.

O concerto teve início às 20h, quando a aniversariante executou a Série Brasileira, composição de Alberto Nepomuceno apresentada no concerto inaugural da Orquestra Sinfônica do Recife. A obra composta pelo maestro falecido em 1920 tem quatro movimentos: Alvorada na serra, Intermédio, Sesta na rede e Batuque. O público presente aplaudiu de pé esta peça, numa demonstração do quanto o recifense sabe reconhecer a boa música.

Após um intervalo de 10 minutos para que o piano chegasse à boca de cena, o público teve a oportunidade ímpar de conferir a dobradinha da OSR e Nelson Freire, em Concerto para Piano e orquestra nº 4 em sol maior, opus 58 de Beethoven. A apresentação da Orquestra junto com Nelson Freire fez o público se emocionar e se estender nas palmas, fazendo o mestre voltar ao palco para agradecer novamente a ovação. Uma noite inesquecível.

Comemorações – Para marcar os 80 anos da OSR, a Prefeitura do Recife vai dedicar seis meses de programação especial, cujo início é marcado por três apresentações nos dias 29, 30 e 31 de julho, sendo as duas primeiras realizadas no Teatro de Santa Isabel e a última, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Morro da Conceição.

Nesta sexta-feira (30), data exata do aniversário da Orquestra, o espetáculo começa às 20h, com a primeira audição mundial de Abertura Solene, obra composta por Clóvis Pereira especialmente em comemoração aos 80 anos da Orquestra Sinfônica do Recife. Em seguida, será executada a Série Brasileira de Nepomuceno e o Concerto para Piano e orquestra nº 4 em sol maior, opus 58 de Beethoven, também com solo de Nelson Freire.

O concerto na Igreja de Nossa Senhora da Conceição tem início às 16h30 e vai apresentar a Série Brasileira e a Abertura Solene, tendo como diferencial o encerramento: a Abertura Romeu e Julieta, de Tchaikovsky. Escrita em agosto de 1869, a obra é baseada em apenas três trechos centrais da peça de Shakespeare.

A OSR - Fundada pela Sociedade de Concertos Populares como Orquestra Sinfônica de Concertos Populares, recebeu o nome de Orquestra Sinfônica do Recife em 1949, quando passou para a administração municipal. Desde o início, é reconhecida como uma das melhores e mais atuantes orquestras do Norte e Nordeste e é, ainda, a mais antiga em atividade do Brasil.

Nomes como Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone, Marlos Nobre, Guerra Peixe, Isaac Karabtchevsky, entre outros, já regeram a OSR, que também já recebeu talentos renomados como José Siqueira, Artur Moreira Lima e Nelson Freire como solistas. Além de seu fundador, o maestro Vicente Fittipaldi (1930 a 1961), foram regentes da Orquestra Sinfônica do Recife os maestros Mário Câncio (1962 a 1974), Guedes Peixoto (1975 a 1984), Eleazar de Carvalho (1985 a 1988), o então spalla Eugene Egan até o fim de 1989, Arlindo Teixeira até 1991, Diogo Pacheco em 1992 e Carlos Veiga de 1993 a 2000.

Desde 2001, o maestro Osman Giuseppe Gioia atua como Diretor Artístico e detém o cargo de Regente Titular, e vem realizando uma série de atividades como os Concertos Oficiais, Concertos Comunitários, Concertos Didáticos, Concertos Multimídia e Concertos Populares ao ar livre. Todos eles com acesso gratuito, fazendo jus à premissa de democratização do acesso à cultura, desenvolvida em todas as ações da Prefeitura do Recife. O resultado é que a maioria das apresentações acontece com plateia lotada, provando que a música erudita está no inconsciente coletivo da população, podendo e devendo ser oferecida para todos.

Um dos objetivos atuais da Orquestra Sinfônica do Recife é se aproximar de movimentos artísticos locais e da juventude, incluindo em seu repertório composições de artistas e grupos populares como Chico Science, Beatles e Pink Floyd. Um bom exemplo dos resultados alcançados com a fusão entre o erudito e o popular é o CD Sinvuca Sinfônico, resultado da parceria com o multinstrumentista, que ganhou o Prêmio Tim 2006, além do CD Tributo ao Trabalhador, do CD 100 anos do Frevo e do CD Pixinguinha Sinfônico Popular, todos eles aprovadíssimos pela crítica. O público também referenda as incursões da OSR pela música popular, como foi visto nos concertos realizados com Edu Lobo, Nelson Ayres, Grupo Pau Brasil e Mônica Salmaso, quando a audiência ovacionou a qualidade e a versatilidade do grupo, que conta ainda com um carisma e um carinho merecido por parte dos recifenses.

Desde 2007, a OSR incluiu a Série Concertos Noturnos em sua programação, numa substituição aos Concertos Oficiais. Nestes eventos, são executados programas de alto nível técnico e artístico envolvendo um solista ou um regente convidado, para um público já consolidado, freqüentador habitual de concertos e formador de opinião. Montagens como as óperas La Bohéme e Carmen, a cantata profana Carmina Burana, a cortina lírica Cavalleria Rusticana e ainda outras grandes obras do repertório sinfônico nacional e internacional, vêm reafirmar a força de atuação desse patrimônio cultural vivo do povo do Recife. Também foi incluída na programação a Série Concertos ao Pôr do Sol – com um programa mais compacto e informal, valorizando principalmente artistas locais e visando oferecer novas opções de lazer cultural em horário alternativo, às 18h30, aproveitando o fluxo de trabalhadores e estudantes no centro da cidade.


PROGRAMAÇÃO

Concertos de Aniversário dos 80 anos da OSR

Dia 30 de Julho, às 20h - Teatro de Santa Isabel
1. Clóvis Pereira
Abertura Solene
Obra composta especialmente em comemoração aos 80 anos da Orquestra Sinfônica do Recife. (Primeira audição mundial)

2. Alberto Nepomuceno (1864 – 1920)
Série Brasileira
(Obra apresentada no concerto inaugural da Orquestra Sinfônica do Recife no dia 30 de Julho de 1930, regido pelo Maestro Vicente Fittipaldi no Teatro de Santa Isabel)
I – Alvorada na serra
II – Intermédio
III – Sesta na rede
IV – Batuque

3. L. v. Beethoven (1770 – 1827)
Concerto para Piano e orquestra nº 4 em sol maior, opus. 58
I – Allegro moderato
II – Andante con moto
III – Rondo - vivace

Solista: Nelson Freire

Dia 31 de Julho, às 16h30 - Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Morro da Conceição
1. Clóvis Pereira
Abertura Solene
Obra composta especialmente em comemoração aos 80 anos da Orquestra Sinfônica do Recife. (Primeira audição mundial)

2. Alberto Nepomuceno (1864 – 1920)
Série Brasileira
(Obra apresentada no concerto inaugural da Orquestra Sinfônica do Recife no dia 30 de Julho de 1930, regido pelo Maestro Vicente Fittipaldi no Teatro de Santa Isabel)
I – Alvorada na serra
II – Intermédio
III – Sesta na rede
IV – Batuque

1. P. Tchaikovsky (1840 – 1893)
Abertura Romeu e Julieta

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