O Recife como locação cinematográfica foi o tema do debate desta sexta-feira (30) no estande da Prefeitura montado no Cine PE. Para falar sobre o assunto foram convidados o diretor e roteirista Paulo Caldas (de Baile perfumado, Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas e Deserto Feliz) e Daniel Bandeira,  roteirista, montador e diretor (de Amigos de risco e Tchau e Benção). Mediando o debate estava a jornalista e diretora de Desenvolvimento e Descentralização da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Luciana Veras.

Para começar, Paulo Caldas falou sobre seu próximo filme, que será rodado ainda este ano, no Recife. Em sua próxima obra, Caldas pretende mostrar uma cidade de sonhos, de desejo, um lugar próximo ao ideal. “Mas é uma crítica às elites que são fonte de muitos dos males que assolam nosso País” – opinou. Já Daniel Bandeira comentou que o Recife é uma cidade que oferece diversas possibilidades para um realizador, no entanto, as dificuldades são aquelas que já se esperam quando vai se filmar em uma metrópole do porte da capital pernambucana. “Quando filmamos Amigos de Risco, havia uma tensão que estava na narrativa e na produção também” – lembrou.

Os dois diretores concordaram no que se refere ao crescente aumento dos investimentos públicos em audiovisual e na ausência da iniciativa privada no nicho. “Temos empresas que poderiam investir e ter retorno com os filmes produzidos na Cidade, mas simplesmente não o fazem, mesmo sabendo que os mecanismos são baseados em renúncia fiscal” – disse Caldas. “Estas empresas estão presas a uma lógica de mercado antiquada, onde o retorno deve ser imediato” – completou Bandeira.

 REGISTRO - Quem esteve presente e atento ao debate desta sexta-feira foi o diretor Evaldo Mocarzel (A Margem da Imagem, Do luto à luta). O documentarista confessou, parafraseado Gilberto Gil em relação à Caetano Veloso, que tinha uma “santa inveja” dos realizadores e do Cinema Pernambucano. “Acho que a vitalidade do cinema nacional está em Pernambuco, com os diretores e roteiristas desta região” – comentou. Mocarzel veio ao Recife para mostrar o seu Cinema de Guerrilha no XIV Cine PE. O documentário é mostra a visão do mundo de jovens da periferia de São Paulo que trabalham com cinema, fazendo curtas, médias e longas metragens; exibindo filmes em mostras alternativas; atuando como fotógrafos, editores e monitores em oficinas voltadas para a linguagem audiovisual.

O último debate no estande da Prefeitura do Recife acontece neste sábado (1), no horário das 18h30. O tema é “Animação – Tendências e mercado” e traz como convidados o designer, crítico e professor Fernando Vasconcelos como mediador e como debatedores, Willian Paiva, produtor musical e diretor de O jumento santo e a cidade que se acabou e Gutie, produtor do Animage – Festival de Animação.

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