Na Rua da Moeda a animação começou com um desfile de agremiações que seguiu até a Praça do Arsenal, onde o que não faltou foram atrações

Frevo no ar e no pé, batuque de maracatu, toque de afoxé. Quem foi neste domingo (05) ao Bairro do Recife se deparou com uma mistura de ritmos só vista no Carnaval pernambucano. Na Rua da Moeda foi dada a largada para um desfile de agremiações, que saíram em arrastão até a Praça do Arsenal. Apesar da indecisão do tempo e da chuva que, de vez em quando, cismava em cair, os foliões mostravam, pela disposição, que estavam mesmo decididos a entrar na folia de qualquer jeito.

O Clube de Boneco Tadeu no Frevo, que está completando 20 anos de fundação, foi o primeiro a se concentrar na Rua da Moeda, de onde saiu em direção à Praça do Arsenal. O boneco Tadeu, personagem principal, desfilou alegria acompanhado pela Orquestra de Frevo 90 Graus e um grupo de passistas. “É muita emoção chegar aos 20 anos. O Carnaval entrou no sangue e não quer sair mais”, diz Josevan Sales de Souza, 61 anos, motorista aposentado e presidente da agremiação, que desfila na segunda-feira de Carnaval, pelo Grupo Especial. O Boi Malabá também fez o percurso até a Praça do Arsenal, com animação e a certeza de que este será um Carnaval diferente, já que a agremiação está comemorando bodas de prata. “Estamos com mais motivação, porque esse ano a gente tem esperanças de chegar lá”, confessa Zé Anderson, 32 anos, um dos diretores do Malabá, que também irá concorrer pelo Grupo Especial. Outra atração da tarde foi o grupo de percussão Afojubá Batuque, que há seis anos desfila nas prévias e nos dias de Momo, pelas ruas centrais do Recife.

Acertando o passo – Na Praça do Arsenal, no final da tarde, as atenções se voltavam para o palco, onde um grupo de passistas da Escola de Frevo Maestro Fernando Borges comandava uma Oficina de Frevo ensinando para os foliões de todas as gerações, que lotavam o local, passos como a tesoura, a locomotiva, o Saci-Pererê e a cruzeta, para todos fazerem bonito no Carnaval. A arquiteta Cláudia Barreto, 40 anos, que estava acompanhada pelo casal de filhos e o sobrinho, era uma das alunas mais aplicadas e repetia as evoluções mostrando que tem frevo no pé. “Adorei as aulas. Aprendi a dançar frevo. Adoro o Recife e o Carnaval”, disse, animada. “Hoje estamos ensinando 10 passos”, explicou Anna Miranda, diretora da Escola Municipal de Frevo. “Tem gente que até se programa pra vir às oficinas e se preparar para aprender pelo menos o básico”, conta. Mulheres, homens e crianças fantasiadas de princesas, fadinhas, Minnies e piratas, entre outros personagens, tentavam reproduzir, na ponta de pé e no calcanhar, as evoluções da mais pernambucana das danças.

Após o frevo foi a vez de passar para outra lição, com a Oficina de Maracatu, conduzida pelo professor Ubiraci Ferreira, que acompanhado pelo Maracatu Sol Nascente, do bairro de Água Fria, ministrou uma aula completa sobre a história, ritmo, passos, alegorias, tipos e variedades de instrumentos das tradicionais nações nagô dos maracatus de baque virado. O mestre Ubiraci, que já ministrou aulas em 12 países, disse para o público que a maior importância de se aprender sobre o verdadeiro significado do maracatu de baque virado é “poder passar a herança para nossos filhos e netos”. O engenheiro dinamarquês Poul Mols, 47 anos, era um dos mais entusiasmados. “Já brinquei Carnaval aqui três vezes e adoro. Vim passar seis semanas no Recife e vou brincar, pois gosto muito, principalmente do maracatu”, declarou. Após as oficinas, subiu ao palco a agremiação de um visitante ilustre, herdeiro de um dos personagens mais famosos e conhecidos dos pernambucanos: o Clube de Boneco Filho do Homem da Madrugada, que desfilou simpatia com a Orquestra de Frevo Raízes do Pinho e grupo de passistas.

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